28/08 - Grosseiras, prepotentes, mal-criadas, as
intervenções de William Bonner na primeira das entrevistas da Globo com os
candidatos à Presidência nada tem a ver com “independência jornalística”.
As críticas de Ciro Gomes aos abusos judiciais
foram tratadas como uma heresia, na base do argumento de que “o povo apóia a
Lava Jato” e, por isso, os desbordamentos do Judiciário e do MP se justificariam.
O “dono da verdade” global pontificava e Ciro,
jeitoso, procurava manter suas posições com um discurso educado que não lhe fez
vergonha, ao contrário.
O candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) afirmou
que não é candidato de esquerda, mas da “centro-esquerda”, defendeu uma
“aliança” entre os que produzem e os que trabalham e elegeu o “baronato do
sistema financeiro” como inimigo número 1 a ser combatido, ao participar na
noite desta segunda-feira (27) de sabatina no Jornal Nacional.
Provocado a se posicionar criticamente em relação a
Lula, afirmou que foi um “bom presidente”, e que a população brasileira “sabe
disso”, e que não poderia comemorar o fato de que “o maior líder popular do
país” esteja preso.
“A população mais pobre sentiu na pele as
consequências de um bom governo”, afirmou o candidato, que destacou que durante
os governos Lula havia mais emprego e mais crescimento.
O candidato afirmou que a “luta odienta” entre
“coxinhas e mortadelas” – termos pejorativos que identificam militantes da
direita e da esquerda, respectivamente – estava destruindo o Brasil, e que
acredita que a esquerda estará unida no segundo turno das eleições
presidenciais.
Ciro defendeu que setores do Ministério Público e
do Judiciário voltem a atuar dentro das suas atribuições. Lembrou do episódio
do habeas corpus concedido a Lula, que depois foi cassado em manobras
envolvendo juízes do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) para dizer
que o Brasil precisa de paz, e criticou a “politização da Justiça”, com a
atuação de promotores que colaboram para “destruir reputações”.
O candidato voltou a propor a renegociação das
dívidas das pessoas que estão negativadas. “Vou ajudar a tirar seu nome do
SPC”. A uma pergunta se não seria essa uma proposta “simplista”, Ciro negou se
tratar de um “slogan fácil” e apresentou uma cartilha que detalha o plano.
Ele afirmou que “o Brasil deu cerca de R$ 380
bilhões em refinanciamento para os ricos”, e que, portanto, a sua proposta de
refinanciar a dívida das pessoas não poderia ser vista como um “escarcéu”.
“Qualquer coisa que vem para pobre ou classe média, os outros candidatos ficam
pirados.”
Sobre a violência crescente no Ceará, seu estado de
origem, já governado por ele e pelo seu irmão Cid Gomes, Ciro atribuiu a
escalada da violência à chegada de facções criminosas que cresceram “em acordo”
com as autoridades de São Paulo, e contaram com a negligência das autoridades
de Justiça do Rio de Janeiro
Foi um dos primeiros momentos em que o
entrevistador Bonner levou ao entrevistado assunto relacionado a proposta de
governo, passados dois terços dos 27 minutos de entrevistas – mas em que o
apresentador falou mais do que o entrevistado.
Nesta terça, a série continua, agora com Bolsonaro.
Na sequência, serão entrevistados Alckmin e Marina.
(PragmatismoPolítico)
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