22/03 - Há cerca de três semanas, internautas começaram a
propagar ofensas e ameaças, inclusive de morte, ao Padre Julio Lancellotti em
comunidades, grupos e na página do Facebook do religioso. Em uma delas, o
agressor, um advogado, segundo o padre, diz “morte ao padreco”. Um outro comentarista diz “Tem que começar mandando esse padre pro inferno, e
depois seus seguidores…”,
sendo saudado com aplausos virtuais.
Lancellotti tem 69 anos, dos quais quase 34
dedicados à causa dos moradores de rua e outros grupos marginalizados.
Pároco da Igreja de São Miguel Arcanjo, na Mooca, região central e vigário
episcopal para a população de rua da Arquidiocese de São Paulo, ele atribuiu as
ameaças ao tipo de trabalho que desenvolve e à crescente onda de intolerância
dos dias atuais. “O discurso de ódio sempre existiu. Mas esses intolerantes, antes,
ficavam restritos, não se impunham. Nesse momento que estamos vivendo, sinto
que essas pessoas se sentem livres, não tem mais o menor pudor e se sentem
legitimadas para falar o que bem entenderem”, afirma o padre.
Para ele, o fato de trabalhar com população de rua
é um dos grandes causadores desse ódio. “Os moradores de rua aumentaram, isso é fato. E são
diversas causas, como o desemprego, a inadimplência, essas coisas.Tem muita gente na rua e em condições de rua e a
intolerância, que sempre existiu, fica mais evidente por causa dessa
convivência em todo lugar: parques, áreas públicas, ruas”, analisa.
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