31/01 - Lembram
do tempo em que se acolhia a famosa frase de que não se discute decisão
judicial?
Pois o que fizerem com a politização autoritária das instituições judiciais
brasileiras está estampado na primeira página da Folha, hoje, na primeira
pesquisa feita após a condenação de Lula em segunda instância.
Nada se alterou na preferência da maioria dos eleitores por ele, que segue
vencendo de “dois para um” ou mais a qualquer adversário.
Vai de 34 a 37%, dependendo do cenário, o mesmo que tinha antes.
O grau de rejeição, da mesma forma, não se moveu: 39 ou 40%, estatisticamente,
é nada de diferença.
No segundo turno, vence todos e ainda amplia as diferenças da pesquisa
Datafolha anterior.
Sim, isso dias depois de ter sido exposto impiedosamente nas tevês,
rádios, jornais, revistas, internet como um corrupto que não é, numa imagem que
só “cola” perante os que, com ou sem sentença, já se tinha tornado presas do
ódio.
Foi apresentado como um cadáver político e permaneceu tão vivo e forte
eleitoralmente como antes.
Senhores juízes, é triste dizer, mas os senhores foram solenemente ignorados pela
opinião pública.
É o resultado que ocorre quando se confunde autoridade com credibilidade. A
primeira, ninguém duvida, é forte, imensa mesmo. Já a segunda, os senhores
podem ver como está reduzida a quase nada.
A respeito, por favor, cartas para Curitiba e para os ministros do Supremo
Tribunal Federal.
E se levarem adiante o plano de excluir Lula, o que terão?
Bolsonaro
não murchou, como previam os sábios. Huck, a “grande esperança branca”, repetiu
os índices pífios da pesquisa anterior.
Os que mais cresceriam com a extirpação de Lula da disputa seriam Ciro Gomes –
que está longe de representar uma “tranquilidade” para o sistema – e
Marina Silva, que todos sabem que dificilmente sai da faixa insossa em que
sempre fica, a não ser quando as pesquisas a inflavam para fazer o seu papel
rancoroso de ex e antipetista.
O que conseguem é colocar – como registra o diretor do Datafolha, Marcos
Paulino, os “sem-candidato” chegam à maior proporção da história e tornam os
44% que admitem votar em um candidato apoiado por Lula (27% certamente e 17%
possivelmente) num capital eleitoral que nenhum dos outros candidatos nem de
longe têm.
Ao contrário do que disse o pretensioso Fernando Henrique Cardoso, ao afirmar
que “o jogo começa agora”, nem é jogo e nem começa agora.
É a
corrente do processo social, a marcha do povo brasileiro, que as togas
podem até fazer submergir, mas não podem deter.
E se insistirem em fazê-lo, não contem que, adiante, ela vá rebrotar mansa e
pacífica como um regato.
Por Fernando Brito: 31/01/2018