26/11 -
No levantamento, divulgado por ocasião do Dia Internacional para a Eliminação
da Violência contra as Mulheres, celebrado domingo (25), o gabinete da ONU
sobre Drogas e Crime (UNODC) calculou que, de um total de 87 mil homicídios de
mulheres registrados em todo o mundo, no ano passado, cerca de 50 mil (58%)
foram cometidos por companheiros ou familiares.
Cerca de 30 mil (34%) homicídios foram praticados
pelo parceiro da vítima. "Isto significa que cerca de seis mulheres
são mortas a cada hora por alguém que elas conhecem", observou o
gabinete da ONU, com sede em Viena, na Áustria.
A grande maioria (cerca de 80%) das vítimas de
homicídios no mundo são homens e "as mulheres continuam a pagar o preço
mais elevado em termos de desigualdade entre homens e mulheres, de
discriminação e de estereótipos negativos", declarou o chefe do gabinete
da ONU, Iuri Fedotov.
"Elas são também aquelas com mais
probabilidade de serem mortas pelo companheiro ou familiares (...) o que faz do
domicílio o local mais perigoso para uma mulher", sublinhou.
"O fato de as mulheres continuarem a ser
vítimas deste tipo de violências mais que os homens denota um desequilíbrio nas
relações de poder entre homens e mulheres na esfera doméstica",
acrescentou.
De acordo com os cálculos do UNODC, a taxa global
de mulheres vítimas de homicídio eleva-se a 1,3 vítimas por 100 mil mulheres.
A África e as Américas são as regiões do mundo onde
as mulheres correm maior risco de serem mortas pelo companheiro ou familiar.
Em África, a taxa é de 3,2 vítimas por 100 mil mulheres.
Nas Américas, 1,6, na Oceânia 1,3 e na Ásia 0,9.
A taxa mais baixa observa-se na Europa, onde é de
0,7.
A ONU acrescentou que "nenhum progresso
tangível" para combater este crime foi conseguido nos últimos anos,
"apesar das legislações e de programas desenvolvidos para erradicar a
violência contra as mulheres".
As conclusões do relatório "sublinham a
necessidade de uma prevenção da criminalidade e de uma justiça penal eficazes
para enfrentar a violência contra as mulheres".
O documento defendeu também uma melhor coordenação
entre a polícia e a justiça para que os autores da violência sejam
responsabilizados pelos atos.
O relatório sublinhou ainda a importância de
implicar os homens nas soluções, nomeadamente através da educação nas idades
mais jovens.