19/03 - Uma publicação no Facebook com acusações contra a vereadora Marielle
Franco – executada a tiros no Rio de Janeiro – continua a provocar
manifestações de repúdio contra a autora do texto, a desembargadora do Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro Marília Castro Neves. Por meio de uma petição
online, uma organização formada por ativistas elaborou um documento em que
cobra do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) um posicionamento em relação ao
comportamento da magistrada.
A postagem que causou revolta na internet foi feita pela desembargadora
em forma de comentário na página de um advogado que defendia a trajetória de
Marielle Franco. Com informações baseadas em fake news, a desembargadora
afirmou que a vereadora teria sido eleita por membros da organização criminosa
Comando Vermelho e que teria morrido por descumprir compromissos com seus
apoiadores. Disse ainda que a comoção em relação à morte da vereadora não passa
de "mimimi da esquerda tentando agregar valor a um cadáver tão comum como
qualquer outro".
Logo que foi revelado, o post gerou revolta nas redes e a desembargadora
recebeu uma enxurrada de críticas em sua página no Facebook. A organização Meu
Rio, formada por ativistas, redigiu uma carta que foi disponibilizada em um
site para que outras pessoas possam enviá-la a 15 membros do Conselho Nacional
de Justiça. O documento afirma que as acusações da desembargadora são
infundadas e lembra que o conteúdo já está sendo reproduzido na internet como
se fosse verdade.
Segundo o site que hospeda o documento, até o início da noite deste domingo, a petição já teria sido enviada por mais de 40 mil pessoas aos membros no CNJ.
PSOL entra com representação contra desembargadora que acusou Marielle.
O PSOL entrou no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com representação
contra a desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro. Na última sexta-feira (16), a magistrada acusou a vereadora Marielle
Franco (PSOL), assassinada na última quarta-feira (14), de estar "engajada
com bandidos", ter sido "eleita pelo Comando Vermelho" e ter
descumprido "'compromissos' assumidos com seus apoiadores". O partido
e familiares da parlamentar repudiam as acusações. A reportagem procurou a
desembargadora, que não retornou o contato.
"Representamos contra a desembargadora no CNJ e esperamos que o Judiciário mostre que essa mulher é uma exceção nesse Poder, para o bem da democracia", afirmou o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Neste domingo, ele participou de ato em homenagem à vereadora no complexo de favelas da Maré, na zona norte do Rio, onde Marielle viveu.
Freixo criticou quem tenta atingir a imagem de Marielle: "Esses imbecis, togados ou não, que tentam de alguma maneira matá-la de novo, não vão conseguir. A Marielle está sofrendo um duplo homicídio. Não basta o covarde que apertou o gatilho, ainda tem covarde de plantão que não está preparado para julgar, mas para prejulgar, dizendo que a Marielle foi casada com bandido, com traficante, que sua filha é isso... é um nível de perversidade que a gente não está disposto a aturar. A Marielle não teve a filha, a Luyara, com um traficante. Mas e se fosse? Isso condena a Marielle a quê? O pai da Luyara é um rapaz que trabalha no Luta pela Paz, dentro da favela da Maré. A Marielle foi eleita com 7 mil votos (recebidos) no Jardim Botânico. Depois foi Barra (da Tijuca), Copacabana e Laranjeiras. Como assim dizer que Marielle foi eleita por Comando tal ou Comando tal?"
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