04/12 - A procuradora-geral da República,
Raquel Dodge, recorreu nesta segunda (3) de uma decisão do ministro do STF
(Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin que remeteu parte de um inquérito sobre
os ministros Moreira Franco (Minas e Energia) e Eliseu Padilha (Casa Civil)
para a Justiça Eleitoral, e não para a criminal.
O inquérito em questão, derivado
da delação da Odebrecht, também tem como alvo o presidente Michel Temer e
apurou um jantar no Palácio do Jaburu, em 2014, onde teria sido acertada
propina.
No recurso, Dodge faz sua primeira
manifestação quanto ao mérito da investigação e afirma que os emedebistas
cometeram o crime de corrupção (e não crime eleitoral) e receberam propina,
descrevendo o caminho do dinheiro e as provas reunidas. A Polícia Federal já
havia chegado à mesma conclusão em seu relatório de investigação, em setembro.
"Michel Temer recebeu, por
meio de João Baptista Lima Filho [coronel aposentado da Polícia Militar
paulista e amigo do presidente], vantagem indevida no montante de R$
1.438.000,00, nos dias 19, 20 e 21/03/2014, em São Paulo", escreveu Dodge
em um trecho do documento.
"Michel Temer recebeu, por
meio de José Yunes [advogado e amigo do presidente], o valor de R$ 1 milhão em
04/09/2014", afirmou em outro trecho.
A parte do inquérito relativa a
Temer foi suspensa por Fachin em outubro a pedido de Dodge, que sustentou que o
presidente da República não pode ser processado por atos anteriores ao seu
mandato (Temer assumiu o Planalto em 2016). Já a parte relativa a Moreira
Franco e Padilha foi para a Justiça Eleitoral de São Paulo, decisão que Dodge
quer que Fachin reconsidere ou que envie o caso para análise do plenário.
Se essa decisão não for
modificada, quando Temer deixar o Planalto em janeiro, as suspeitas contra ele
nesse caso também deverão seguir para a Justiça Eleitoral. O crime eleitoral de
caixa dois é mais brando, tem pena máxima de cinco anos, não leva à prisão e
prescreve mais rápido. Já o crime de corrupção, processado na Justiça Federal,
teria pena maior, de até 12 anos de prisão.
(NM)
(NM)
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