04/08 - Muita
calma nessa hora!
A política pode ser um jogo muito cruel
e, por isso, desperta muitas paixões e ódios. É ela quem revela os extremos da
alma humana: a extrema nobreza e, nestes tempos estranhos que vivemos no
Brasil, mais ainda, a extrema indignidade.
Escrevo no início da tarde desta
sexta-feira, dia 03 de agosto do corrente e crítico ano de 2018. Os fatos estão
correndo de forma tão frenética e surpreendente que preciso datar e dizer a
hora. Até o presente momento ninguém do PSB me informou que decisão tomaram ou
tomarão acerca de sua posição na sucessão presidencial.
Diz a grande imprensa, com certa
euforia, que o PSB teria acertado um acordo com a cúpula do PT. Não, como seria
natural, para apoiar o candidato do PT, mas para me isolar na luta, tirando-me
segundos de tempo de TV. Em troca, a burocracia do PT cortaria o pescoço de sua
jovem candidata a governadora de Pernambuco, Marília Arraes, e o PSB faria o
mesmo com o seu candidato a governador em Minas Gerais, Marcio Lacerda.
Minha palavra agora é para a militância
da minha candidatura e para os brasileiros e brasileiras, todos e todas que tem
simpatia pela questão nacional, se preocupam com a injustiça de nossa sociedade
profundamente desigual e todas as expressões de preconceito e violência que
humilham amplas maiorias de nosso povo, mas especialmente as mulheres, os
negros e os pobres.
Minha palavra se dirige aos
progressistas, todos e todas. Aos que trabalham, por primeiro, e a quem produz.
Muita calma nesta hora!
A violência e o grosseiro equívoco
desta atitude da cúpula do PT não devem nos retirar a atenção do que realmente
interessa: estas eleições são a última chance, como País, de salvarmos o Brasil
da legitimação, pelo voto, desta agenda antipobre, antinacional e antidecência
que nos governa desde que o golpe usurpou o poder através de Michel Temer e sua
gangue.
Me comprometi, já em meus primeiros
movimentos nesta caminhada, a montar um Projeto Nacional de Desenvolvimento. Já
há duras consequências de minha posição e, é claro, os grandes interesses da
cobiça internacional, mancomunada com o baronato escravista que nos domina,
estão atuando. Não sejamos ingênuos nem muito menos paranoicos. É coisa
prática. Alguns exemplos:
1. Desapropriarei, com as devidas
indenizações, os campos de petróleo entregues a preço de banana a
multinacionais e a estatais (!) estrangeiras a partir da revogação da Lei de
Partilha pelos golpistas;
2. Desfarei, se consumada, a criminosa
entrega da EMBRAER aos norte-americanos, conforme consequência de carta que
enviei à BOEING e à EMBRAER pedindo que aguardassem a decisão popular que se
aproxima;
3. Revogarei as aberrações impostas
pela selvagem Reforma Trabalhista (fui vaiado por isso na Confederação Nacional
da Indústria, cujo presidente fez muitos elogios a Jair Bolsonaro);
4. Revogarei a Emenda Constitucional
95, a chamada PEC da morte, que congela os investimentos em saúde, educação,
segurança, ciência e tecnologia, cultura e infraestrutura POR 20 ANOS!
5. Desfarei o cartel dos bancos que,
nos últimos 15 anos, concentraram, em apenas 5 deles, 85% de todas as operações
financeiras do País, impondo ao nosso povo e à nossa economia a maior taxa de
juros do mundo!
6. Suspenderei ou reverterei, se
necessário, a privatização da Eletrobras, que transferiria para o capital
estrangeiro o controle do REGIME DE ÁGUAS em nosso país; são apenas um dos poucos exemplos do
que está de verdade em jogo nesta hora terrivelmente ameaçadora de nosso
próprio futuro como Nação. É ao redor deste conjunto de valores que devemos
exercitar a nossa militância.
Compreendamos com humildade e paciência
o péssimo momento que a burocracia do PT está vivendo. Já não é mais política,
é religião, culto à personalidade, pragmatismo da cúpula de uma organização que
parece não querer aprender mais nada. Calma! Falemos com o povo, acreditemos
nele, compreendamos a justa gratidão que imensos contingentes de nossa
população têm com Lula. Ele foi um presidente bom para muita gente.
Não aceitemos a armadilha de nos
empurrarem para o conservadorismo ou para a violação de nossos valores, muito
menos por alguns – ainda que preciosos – segundos de propaganda na TV.
Em
nenhuma hipótese é o PT o nosso inimigo!
A cúpula do PT terá de se haver perante
a história com as consequências de seus atos de agora. Lamentemos, mas nossas
baterias devem permanecer apontadas contra a reação nazi-fascista ou o
neoliberalismo entreguista da turma TEMER, PSDB, PMDB. Estes são os inimigos da
Pátria, estes os traidores da Nação, estes os comandantes da roubalheira de
alto coturno que parte deslumbrada da cúpula petista quis imitar para dar no
que deu. É contra estes que devemos manter nossa luta, nossas energias e nossos
entusiasmo! É a favor de uma corrente encantadora de mudanças, que devolva a
esperança perdida por nosso povo, que devemos nos emocionar!
A viagem lisérgica da burocracia do PT
tem data para acabar: pretendem enganar a boa gente que adora o Lula, com
muitas razões, volto a repetir, de que ele será candidato. Se fosse, muito
provavelmente como fiz ao longo dos últimos 16 anos, sem faltar nenhum dia,
estaríamos juntos. Aliás, uma pitadinha de ironia do destino: fui convidado a
sair do PSB, onde mantenho grande carinho, respeito e camaradagem, porque
discordei de meu saudoso amigo Eduardo Campos para ser correto com o PT…
Não deixarão Lula ser candidato! Até as
pedras do caminho sabem disso! Pior, a burocracia do PT também sabe muito bem
disso. Ou seja, é para bailar à beira do abismo que os burocratas do PT
convidam a Nação Brasileira.
Então fiquemos assim. Se for verdade
que Lula será candidato, conversemos; se não for, por favor, Brasil: muita
calma nessa hora! Nosso país não aguentará outra aposta no escuro.
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