26/08 - Brasil é o país com a maior taxa de juros do
cartão de crédito do mundo. No ano passado, segundo levantamento da Proteste
com base em dados dos bancos centrais de diversos países, a média anual da taxa
do rotativo — aplicada quando se paga o mínimo da fatura do cartão — era de
352,76%, enquanto em países da América Latina não atingia nem 50% ao ano.
Já em 2018, considerando os cinco principais bancos
do Brasil, a média chega a 231% ao ano, segundo uma pesquisa feita por Filipe Pires,
professor do MBA em Finanças do Ibmec. Na Argentina, que fica em segundo lugar
no ranking das mais altas taxas do cartão, a média é de 53,20%.
“Nossa
taxa é absurdamente cara, comparada a países emergentes ou até do primeiro
mundo. Se utilizarmos como parâmetro todas as emissoras de cartão de crédito, a
média sobe mais, chegando a 337%”, explica Filipe Pires.
Há concentração de quase 80% das operações de
crédito no país em cinco grandes bancos, que têm 75% das agências do país .
Isso permite o alinhamento das taxas sem nenhuma legislação que estabeleça
limites, ao contrário dos Estados Unidos e da Venezuela, por exemplo.
Nos Estados Unidos, há 60 dias de carência — sem
correr nenhum juros– e, a partir daí, o sistema americano impõe teto 29,99%. Já
no país latino, a taxa máxima do rotativo é de 29%. “Banco é banco, esteja o
país em crise ou em plena economia, ele sempre vai lucrar!”, opinou Pires.
Dívida que compromete a família
O diretor executivo do Associação Brasileira das
Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Ricardo Vieira, considera
incorreto mencionar uma taxa anual depois das novas regras estabelecidas pelo
BC para o rotativo do cartão. Ele ainda acredita que a comparação entre o
Brasil e outros países não é válida porque são realidades bem diferentes.
“Austrália, Peru e Venezuela não têm parcelamento pelo lojista, ou seja, sem
juros. No Brasil, essa modalidade equivale a mais de 50% das compras”,
argumentou.
Cerca de 20,5% das famílias brasileiras têm mais da
metade da renda comprometida por dívidas, de acordo com a Pesquisa de
Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) este mês. O levantamento
da CNC ainda mostrou que o cartão de crédito representa o principal tipo de
dívida para 77,7% dos entrevistados.
Em 2017, as famílias brasileiras gastaram R$1,36
trilhão em compras no cartão, sendo R$ 842,6 bilhões no crédito, segundo a
Abecs e o BC.
Via Jornal
Extra
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