29/01 - Desde
há muito tempo, este blog é manifestamente contra os “escrachos”. E há muito
mais tempo ainda, despreza a politização com que Gilmar exerce o cargo de
Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Por isso, tem autoridade moral para olhar como degradante o episódio de seu “escracho”, divulgado pelo Poder360, num voo, sábado, com destino a Cuiabá, vindo de Portugal, onde seu instituto mantém negócios.
Francamente, não me ocorre sequer um país do mundo, nem mesmo uma remota ilha na Polinésia, onde uma cena destas possa ocorrer com um juiz da suprema corte nacional.
A espetacularização do Judiciário – da qual, aliás, ele foi um dos precursores e protagonistas – leva a estas cenas, inimagináveis em qualquer país do mundo. E que não vão parar, porque sempre haverá, no clima de ódio em que vivemos, alguém para fazer este tupo de afronta – transformado em protesto, agora – contra quem quer que seja.
Ou
não é assim que estamos, pelo caminho que nos levaram?
O próprio Gilmar, não tem dois anos, foi saudado como herói quando proibiu Lula de assumir a Casa Cuvil e tentar abortar o golpe de Estado. Agora, é execrado como bandido porque não concorda com prisões indiscriminadas. Chamá-lo, como faz a reportagem, de “garantista” é um exagero só compreensível diante do estado de miséria moral a que está entregue o Direito brasileiro.
Desde o chamado Mensalão, o Judiciário brasileiro passou, em escala cada vez maior, em deixar de lado o julgamento de fatos concretos e passou a analisar o que dependia de “suposição” – nada melhor o exemplifica que a tal torta teoria do “domínio do fato” (aqui distorcida ao ponto de deixar estarrecido seu próprio formulador, Claus Roxin) – aproximou-se de um clima próprio do futebol, com a natural aparição das “torcidas organizadas”.
(Tijolaço)
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