01/02 - Surgida
na década de 60, a pílula anticoncepcional revolucionou a liberdade sexual
feminina. Mas apesar dos benefícios da invenção, é bom lembrar que seu uso deve
ser orientado por médicos e que a mulher deve ficar atenta aos sinais do corpo.
O uso do anticoncepcional, especialmente as que contém estrógenos em sua
composição, são um fator de risco conhecido para o desenvolvimento de doenças
vasculares. A pílula é um fato de risco em particular para as varizes de
membros inferiores e a trombose venosa profunda (TVP).
Nos
últimos dados divulgados pelas Nações Unidas, a pílula anticoncepcional
está no primeiro lugar da lista para mulheres entre 15 e 49 anos no
Brasil, dentre todos os métodos contraceptivos. Para se ter uma ideia, enquanto
34,2% das mulheres utilizam a pílula, apenas 2% usam o DIU, e 4,2% recorrem a
laqueadura.
Um
dos problemas mais frequentemente associados aos anticoncepcionais orais é o
surgimento de sinais como dor, sensação de peso e inchaço de membros inferiores
em mulheres portadoras de varizes, ou mesmo o surgimento destes sintomas nas
saudáveis. O aparecimento das varizes está relacionado aos tipos e doses de
estrógenos e progestógenos contidos nas pílulas, que provocam alterações na
elasticidade, permeabilidade e na composição do conteúdo de elastina e colágeno
das veias de pequenos, médios e grandes calibres. Outro problema é o
aumento da incidência de trombose venosa profunda (TVP) de membros inferiores.
O
uso de anticoncepcionais contendo estrógenos pode aumentar em até seis vezes o
risco de desenvolvimento de TVP nas mulheres. Esse risco varia de acordo com a
dosagem e o tipo de hormônio, especialmente os estrógenos, utilizados na
composição do remédio utilizado.
O
tabagismo, índice de massa corpórea (IMC) alto e a idade superior a 35 anos são
fatores de risco associados ao aumento da trombose venosa profunda nas mulheres
que fazem uso da pílula. Algumas características pessoais podem
contraindicar ou, pelo menos, orientar qual tipo de anticoncepcional deve ser
usado por cada mulher. Isto deve ser orientado por um médico ginecologista, que
avaliará os riscos e os benefícios do uso do medicamento. Fazer a análise do
histórico da paciente é importante para buscar possíveis trombofilias
hereditárias ou adquiridas, que podem se manifestar logo após o início do
anticoncepcional (especialmente nas primeiras semanas).
O
ginecologista orienta quanto ao uso do anticoncepcional, e o angiologista ou
cirurgião vascular podem ajudar a identificar pacientes com mais fatores de
risco vascular para TVP, orientando e tratando das doenças vasculares
associadas. Ou seja, a sinergia das duas especialidades é fundamental
nesse tema. O que deve ficar bem claro é que, na imensa maioria dos
casos, os anticoncepcionais trazem muito mais benefícios do que malefícios
as suas usuárias, desde que sejam prescritos por especialistas qualificados e
seu uso seja acompanhado regularmente pelo médico.
A
melhor forma de prevenir as possíveis complicações vasculares consequentes é
buscar orientação com médicos especialistas. Manter um estilo de vida saudável
com a abolição do tabagismo, alimentação equilibrada e com prática de
exercícios físicos regulares e supervisionados (eventualmente com o uso de
meias elásticas de compressão graduada), fazem a diferença no cuidado e
acompanhamento no uso do método contraceptivo.
(O Estadão)
0 comentários:
Postar um comentário