O
empresário Joesley Batista, do grupo JBS, chamou o presidente Michel Temer de
"ladrão geral da República". Em nota divulgada neste sábado (2), o
empresário afirma que a colaboração premiada é um direito e que o ataque feito
a essa prerrogativa revelaria uma "incapacidade" de o presidente se
defender "dos crimes que comete."
As
declarações do empresário foram feitas numa reação à nota divulgada na
sexta-feira (1º) pela Presidência da República sobre o operador Lúcio Funaro,
que firmou acordo de delação com Ministério Público. Na nota, o Palácio do
Planalto chama o empresário Joesley Batista de "grampeador-geral da
República."
Procurado
pela reportagem, o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, defensor de
Temer, disse que a declaração de Joesley "não merece nenhuma resposta em
face da sua origem e do conhecido comportamento absolutamente reprovável do
delator".
"A
resposta já foi dada pela Câmara dos Deputados, que rejeitou a denúncia
(apresentada pelo procurador-geral da República contra o presidente pelo crime
de corrupção passiva), baseada na acusação dessa mesma pessoa", afirmou o
advogado.
Em
nota divulgada na sexta (1º), a Secretaria de Comunicação da Presidência da
República (Secom) desqualifica o operador Lúcio Funaro, que firmou acordo de
delação com o Ministério Público, e chama o empresário Joesley Batista de
"grampeador-geral da República".
A
Secom destaca que Funaro foi preso há um ano por "ameaçar de morte" a
seus ex-parceiros comerciais e diz não estar claro como se deu sua
"conversão" diante do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Em tom de ironia, a nota pergunta qual "mágica" teria feito o
operador, "que traiu a confiança da Justiça e do Ministério Público",
para ganhar agora credibilidade. Não é só: lembra que ele já foi classificado
pelo MP como "uma pessoa que tem o crime como modus vivendi".
O Estado apurou
que a delação de Funaro atinge não apenas Temer e o governo, como várias
figuras de expressão no PMDB. "Diante da vontade inexorável de perseguir o
presidente da República, Funaro transmutou-se em personagem confiável. Do
vinagre, fez-se vinho. Quem garante que, ao falar ao Ministério Público,
instituição que já traiu uma vez, não o esteja fazendo novamente?", indaga
a nota. "Se era capaz de ameaçar a vida de alguém para escapar da Justiça,
não poderia ele mentir para ter sua pena reduzida? Isso seria, diante de sua ficha
corrida, até um crime menor."
O
Palácio do Planalto recebeu informações de que a denúncia de Janot contra Temer
será, desta vez, por obstrução de Justiça. Na nota, a Secom menciona o diálogo
gravado clandestinamente por Joesley para sustentar que o presidente
"jamais" obstruiu a Justiça.
"A
gravação usada pelo seletivo acusador desmente a acusação. Outro agravante é o
fato de o grampeador-geral da República ter omitido o produto de suas incursões
clandestinas ao Ministério Público. No seu gravador, vários outros grampos
foram escondidos e apagados. Joesley mentiu, omitiu e continua tendo o perdão
eterno do procurador-geral. Prêmio igual ou semelhante será dado a um criminoso
ainda mais notório e perigoso como Lúcio Funaro?", provoca a nota.
A
primeira denúncia contra Temer, por corrupção passiva, foi rejeitada pelo
plenário da Câmara em 2 de agosto e a segunda acusação deve ser apresentada nos
próximos dias por Janot, que deixa o cargo no próximo dia 17. Na
contra-ofensiva, o presidente disse que os irmãos Batista refizeram sua
delação, "demonstrando terem mentido e omitido fatos, sobretudo em relação
às falcatruas com o BNDES".
Na
avaliação do Planalto, os delatores prestaram falso testemunho na Operação
Bullish e puderam, "camaradamente", 'corrigir' suas mentiras ao
procurador-geral. "Sem um puxão de orelhas sequer", diz o texto
divulgado pela Secom.
O Povo
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