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8 de junho de 2014

A GLÓRIA DE LUTAR

O mês era novembro e o ano 2006. Um cenário já conhecido. Castelão lotado, torcida em polvorosa. A entrada do Ceará em campo acompanhada da entoação vibrante do hino. Papéis jogados ao campo. Euforia, festa e união. Um caldeirão em preto e branco.  Não, não era uma final, a comemoração de um título, de um acesso à primeira divisão. Eram as últimas rodadas da Série B, e o Alvinegro estava ameaçado pelo implacável e inédito rebaixamento. Ano problemático, apesar do título estadual após três anos. Salários atrasados, indefinição e a certeza de muita dificuldade.
       

 A partida, longe dos áureos confrontos contra os mais tradicionais clubes brasileiros, era contra o São Raimundo. Time modesto do estado de Amazonas. Mas naquele dia, era o mais temido e, porque não dizer, um adversário à altura daqueles históricos, das grandes finais, durante os mais de 90 anos do clube (à epoca). E a vitória tinha que vir. Pressão, gols perdidos. Desespero. Perder naquele momento significaria ir além do fundo do poço. Então, ela entrou em campo. Tal como se fosse o dia mais importante da vida. Foi a torcida do Ceará que carregou o time nas costas e o levou à vitória, por um sofrido 1 a 0.
       
 Alguém perguntaria? Como um time em péssima fase consegue lotar um estádio contra um pequeno? Como que uma crônica como essa relembra um jogo tão sem glamour? O que tem de especial nisso? A resposta é fácil. São episódios como esse que explicam a conexão entre a torcida do Ceará, o time e os seus 100 anos de história. Não importa quem está do outro lado do campo. Quem conhece a torcida alvinegra sabe o quanto ela faz parte do organismo do clube. Um espécie de guarda-costas, um centurião pronto a defender e erguer o clube nos momentos em que ele mais precisa.
      
 E é por isso que o Ceará não precisa de Flamengos, Corinthians nem outros grandes, nem mesmo uma campanha fantástica, para ter o melhor da sua torcida. É isso que faz do Alvinegro de Porangabuçu uma instituição centenária, uma das maiores equipes de futebol brasileiro.
       
 Foi da torcida que partiu, pouco mais de um ano depois, a iniciativa de mudar os rumos da situação difícil. E em quase 3 anos após o jogo 'histórico' contra o São Raimundo, a mesma massa que marcou presença no Castelão para apoiar a equipe rumo à permanência na Série B, carregou os jogadores nos ombros na chegada ao Aeroporto Pinto Martins, após a vitória e o acesso contra a Ponte Preta.
      
 Nestes 100 anos do Alvinegro de Porangabuçu, a única certeza que temos, é que este time de camisa em preto e branco, batizado carinhosamente de Vovô, nada mais é que união dos seus netinhos por uma causa. Maior que o futebol, maior que os adversários. Torcer pelo Ceará é, como diz o hino, ter a 'certeza da vitória assegurada', mas não obrigatoriamente no campo. Em todas as partidas, independente do resultado, o Vovô conquista mais 3 pontos no coração da sua apaixonada torcida.
Do DN
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