
Não se há de esconder aqui que, nos anos
finais de sua gestão, as despesas municipais não conseguiram se amoldar as receitas,
penalizando os credores, principalmente, os servidores. Isso é um fato que tem
as suas razões descritas em outro ponto. Nessa seara, esquecem os críticos que
os seus dois primeiros anos foram muito bem avaliados. Nas eleições gerais de
1994, o candidato de Robério, José Albuquerque, obteve uma vitória histórica
sobre Luiz Pontes. Até aonde vai a memória, não se consegue encontrar um
prefeito, em Massapê, cujo seu candidato a deputado estadual haja vencido o
principal oponente na proporção aproximada de dois por um. Esse aspecto é muito
relevante por ser a primeira grande avaliação de um prefeito.
Com base nisso, talvez tratar dos anos
iniciais da administração de Robério seja, até mesmo, despiciendo. Resta assim encarar o biênio final. Nessa
esteira, traz-se ao debate que o plano de estabilização econômica de 1994
(Plano Real) basicamente congelou as receitas municipais. Os prefeitos estavam
acostumados a considerar o componente inflacionário no planejamento financeiro.
Com a estabilização econômica, e receitas congeladas, as despesas passaram a
ser efetuadas sem lastro. Exemplo disso seria um aumento salarial de mais de
100% que o Município de Massapê concedeu aos seus servidores em junho de 1994.
Nesse passo, se o exposto anteriormente, não
é suficiente para justificar as dificuldades dos anos finais da administração
de Robério, há-se, então, de recorrer a uma matriz hipotética: se aquela época
já existisse o FUNDEF, certamente, o biênio final seria superior ao inicial,
pela existência de mais recursos. Basta ver que o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (FUNDEB), a nova versão do
FUNDEF, é o carro-chefe das
administrações municipais do Norte e Nordeste. A título de exemplo, no último
ano, o referido fundo, em Massapê, recebeu o aporte de aproxidamente 19 milhões
de reais, enquanto nominalmente o Fundo de Participação dos Municípios (FPM)
não atingiu 18 milhões. Como se observa, é a educação com os seus recursos
vinculados, a locomotiva da administração municipal. Isso é tão importante que
se consegue até lembrar de todos os ex-secretários municipais de educação, pela
relevância do cargo, na era do
FUNDEF/FUNDEB, a citar: Francina, Mazim Lira e Maria da Penha. Alguém lembra o
nome da secretária de Educação da Administração “Eu Amo Massapê?” Nos anos 1993
-1996, o Município sobrevivia fundamentalmente dos recursos do FPM.
No fim, dizia o Zé Leão que Robério estava no
lugar errado, pois o mesmo não deveria ser prefeito, mas padre, devido a sua
humildade. Convém acrescentar-se a isso
também a sua honestidade. Riqueza até que se esconde, mas os seus sinais não.
Robério ao terminar o mandato, tornou-se professor em Fortaleza, trabalhando os
três turnos. Nem arrogância, nem riqueza.
Em conformidade com toda a exposição, defende-se
o passado com a sabedoria do presente para que se faça justiça: se o
FUNDEF tivesse sido implantado quatro anos antes (em 1994), independentemente do Plano Real e dos seus efeitos sobre os
recursos municipais, com certeza, o bom prefeito Robério Júnior, poderia ser
considerado o melhor das últimas duas décadas, com marca própria como os antecessores Chico Lopes, Beto Lira e
Jacques Albuquerque.
Em tempo, a Secretária de Educação da
Administração de Robério Júnior foi a professora Ana Célia Carneiro.
João Tomaz Neto
Advogado e
Professor
0 comentários:
Postar um comentário