Em
1988 na campanha eleitoral de Massapê Jacques Albuquerque concorria à cadeira
número 1 do Paço Municipal com muito entusiasmo. E, em uma das suas visitas
noturnas domiciliares ao bairro Alto da Cadeia, o líder político entrou na
residência do comerciante, forrozeiro e agiota Expedito Galinha D’água,
localizada na Travessa José Amâncio de Albuquerque (2º prefeito de Massapê -
1900/1902, bisavô do político), antiga Rua da Embira. Ricardinho de alcunha Kaká,
era o mais novo xodó dos “Galinha D’água” – um bebê com quase um ano de idade,
dormia seu sono profundo no leito do berço, por ocasião daquela ilustre e tão
esperada visita. Como que dorme? Jaques Albuquerque após bater alguns tapinhas
nas costas dos adultos ali presentes, abraçou o garoto, acariciando-o e dizendo
de viva voz que aquele era o mascote da campanha, ou seja, o mais novo
Cabeça-de-Fita gerado naquela vitoriosa campanha eleitoral (1989/1992). Depois
deu meia volta, e continuou sua via sacra de parada em parada, ou melhor, de
casa em casa. Meia hora após a memorável visita, o garotinho Kaká, que havia
restabelecido seu merecido sono, enfim, acordou e como sempre, usou da linguagem
que remonta aos instintos mais primitivos da natureza humana: chorou
copiosamente. A mãe do menino apesar de ser marinheira de primeira viajem, por mera
intuição, imaginou que aquele choro não era de “mamadeira”, pois há meia hora
fora alimentado, mas sim de higiene pessoal. A babá – uma Cabeça-de-Fita roxa,
ou melhor, “encarnada”, vermelha num sabe,
sob as ordens da inexperiente patroa, prontamente tratou de trocar o cueiro (é
o novo!) e eis o teor do diálogo, vazado nos seguintes termos:
-
Fuuuummmm... Kaká cagou?... – indagou a babá – uma senhora analfabeta, mas de
extrema confiança da família, no que a mãe ligeiramente retrucou:
-
Não é assim que se fala mulher. Kaká não cagou. Kaká obrou?
E
após examinar o cueiro, a babá deu conta que tudo não passou de um engano,
emendando:
-
Kaká peidou!...
-
Aprende falar direito... Kaká apenas expeliu gases intestinais – disse a jovem mãe
Claudênia, que, zelosa até por demais, resolve constatar o sinistro in loco, retirando o cueiro e virando o
garoto para um lado e outro do berço, e eis que, de repente, se depara com
algumas notas graúdas da moeda da época, o equivalente hoje a aproximadamente R$
100,00. Nisso a babá, deveras, assustada e ainda sem ter matado a charada, inocentemente
esbravejou:
-
Milagre! Milagre! Milagre! Esse menino é um anjo que caiu do céu. Kaká não
cagou, Kaká obrou. Obrou um milagre!!!
Do
livro: Histórias & Causos com Casos & Estórias de Massapê - Autor:
Ferreirinha.
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