Em Atenas e nas outras cidades (pólis)
democráticas da Grécia, o povo exercia o poder diretamente na praça pública,
denominada Ágora. As reuniões ocorriam na Ágora e os cidadãos podiam decidir sobre temas
ligados a justiça, obras públicas, leis, cultura e outros. Os gregos discutiam
os seus problemas e buscavam a solução através do voto direto. Não havia assembleia representativa: era dessa forma a
democracia grega, embrião da democracia ocidental.
Da Grécia antiga aos tempos modernos, a população
mundial cresceu exponencialmente, impossibilitando assim a consulta a todos na
praça pública como antes. Nesse passo histórico, surgiu a democracia representativa
e a semidireta como forma de expressar a vontade popular, enquanto isso a
democracia direta aparentemente sucumbia.
No entanto, na última década, graças à
popularização da internet e a emersão das redes sociais, a dita democracia
direta parece ressurgir tal como a mitológica fênix. O tablet, o notebook e o
iphone avançam mortalmente sobre o rádio de pilha, que tão facilmente era
controlado pelas máquinas político-partidárias.
Em todo o planeta, o poder em sentido lato está em
transformação. Não se questiona serem as redes virtuais o combustível para esse
fenômeno, cuja Primavera Árabe tornou-se o símbolo maior. Nessa trilha, até o
gigante dorminhoco Brasil já ensaiou a sua primavera com as manifestações
populares de junho de 2013 que devem se repetir durante a Copa do Mundo.
Durante muito tempo, houve quem
acreditasse ser o universo cibernético, apenas, sinônimo de isolamento. Crença
essa que não há mais razão de existir. Com a disseminação das redes sociais, há
a compreensão de que as mesmas contribuem para aumentar a mobilização das
pessoas com o intuito de reivindicar o cumprimento das obrigações estatais.
Nesse tom, é cada vez mais comum o uso de páginas como o Facebook para exigir
transparência do poder público, fazer manifestações políticas e cobrar postura
ética dos mandatários eleitos. Aqui não há censura, não há fronteiras. Há manifestação e
mobilização.
No mundo virtual e real, o vínculo humano tem cada
vez mais força política. Os cidadãos ocupam os espaços públicos com suas
reivindicações e protestos. Assim, que não se duvide estar de volta a
democracia direta grega cuja ágora, em sua feição moderna, é sem dúvida as
redes sociais.
João Tomaz Neto
Professor e Advogado
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