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Notável em criar confusões, mas não por colocar boas ideias em prática;
⇝
Discurso moralista que contrasta com algumas de suas ações;
⇝
Limitação de conhecimentos gerais, o que é inadmissível naqueles que desejam
usar a faixa presidencial;
⇝ Réu
duas vezes no STF;
⇝
Visão ultrapassada do mundo de hoje;
⇝
Nítida falta de estabilidade emocional, o que é premissa para quem deseja
governar um país com 8,5
milhões de Km², com mais de 200 milhões de habitantes e com um PIB de R$ 6
trilhões por ano.
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Amado cegamente por uma legião de internautas, o deputado Jair Bolsonaro (PSL)
começou sua vida política graças a uma confusão que aprontou em 1987 – quando, segundo investigações da época,
promoveu um ataque com bombas a uma adutora na cidade do Rio de Janeiro.
Mas o Superior Tribunal Militar o inocentou em
1988, graças a um laudo da Polícia do Exército que foi contestado anos depois
pela Polícia Federal.
Naquele mesmo ano, elegeu-se vereador do Rio pelo Partido Democrata Cristão
(PDC). Dois anos depois foi eleito para a Câmara dos Deputados, sua Casa
legislativa até hoje.
Nesses 27 anos como deputado federal, jamais ocupou
cargo de destaque na Câmara e se
tornou conhecido mais pelas confusões em que se mete do que por sua atuação
parlamentar. Seu grande trunfo é dizer que jamais foi envolvido em qualquer
caso de corrupção. Por outro lado, jamais se recusou a usar o dinheiro público
do auxílio-moradia, mesmo tendo residência própria em Brasília.
É certo que muitos funcionários públicos, juízes
inclusive, são donos de imóveis na cidade onde trabalham e mesmo assim aceitam
receber o auxílio-moradia. Mas, para quem se considera o “paladino da honestidade”, a prática não pode ser diferente do discurso.
Maior representante político do “ultraconservadorismo” brasileiro, Jair Bolsonaro gera desconfiança
sobre a sua capacidade de governar o país. Não só por questões intelectuais,
mas por uma notável falta de equilíbrio emocional ao enfrentar situações
adversas.
Em inúmeras entrevistas, o pré-candidato ao
Planalto sempre “sai pela
tangente” quando perguntas
sobre assuntos de maior complexidade lhe são feitas. Quando não diz que terá
uma “equipe” para resolver a questão levantada, ele se esquiva do
questionamento apontando sua artilharia ao entrevistador.
O apoio do Congresso Nacional é
fator determinante para que um presidente da República consiga governar o país,
nos termos de nosso presidencialismo de coalizão. Mas o histórico das três
últimas eleições para presidente da Câmara não deixa dúvidas quanto à sua baixa
popularidade entre os pares. Bolsonaro perdeu nas três vezes que tentou chegar
à Presidência da Casa, tendo recebido apenas quatro votos em sua última
tentativa.
Dinheiro público
Em plena era da
comunicação digital, Bolsonaro já utilizou quase R$ 875 mil da verba
indenizatória com serviços postais. Dinheiro público,
cabe enfatizar.
Mas o gasto nos Correios diminuiu na atual
legislatura (2015-2019) em quase 45%, em comparação com a anterior, passando de
R$ 480 mil para pouco mais de R$ 210 mil. A explicação para a “repentina”
economia talvez esteja no limite de gastos que cada deputado possui na utilização
da verba indenizatória. Atualmente, deputados do estado do Rio de Janeiro
possuem limite de gastos pouco superior a R$ 35 mil por mês com a cota
parlamentar.
E, se o gasto com os Correios continuasse tão alto
como na legislatura passada, não sobraria dinheiro suficiente para adquirir as
passagens aéreas.
Passagens aéreas?
Algumas das viagens que o permitiram discursar como
pré-candidato por várias cidades do país foram pagas com dinheiro da maldita
verba indenizatória.
Despesas com passagens aéreas e hospedagens
ultrapassaram R$ 22 mil.
A assessoria de Bolsonaro se limita a negar
irregularidades. Mas os números de sua cota parlamentar demonstram um aumento
de gastos com passagens aéreas. Isso demonstra o interesse do deputado por
viagens fora do eixo casa-trabalho-casa em ano eleitoral, no qual é
pré-candidato ao Palácio do Planalto.
Nas redes sociais Jair Bolsonaro é um fenômeno. Ele
possui um exército de seguidores/admiradores que costuma disparar palavras de
ódio a quem ousar falar mal de seu “mito”.
Os 30 anos de vida parlamentar o fizeram enxergar a
política como profissão, assim como tantos outros que renunciam às suas
profissões para mergulharem de cabeça neste mundo de poder. O reflexo está nos
três filhos que seguem o mesmo caminho do pai, uma espécie de “negócio de família”.
Ações Penais
Réu em duas ações penais, Bolsonaro pode até perder
o mandato e ficar inelegível por alguns anos. Mas isso, claro, se ele não
tivesse o foro privilegiado, o que todos nós sabemos ser uma blindagem a julgamentos,
pois as decisões, no caso de deputados federais, só podem ser tomadas pela
tartaruga manca do Judiciário, o Supremo Tribunal Federal.
Em uma das ações ele é acusado de incitar o estupro
ao dizer, em outras palavras, que mulheres merecem ser estupradas, “mas não todas”. Ainda que tenha sido um desabafo, o fato
demonstra uma preocupante instabilidade emocional, algo que não se pode admitir
em alguém que queira ocupar o cargo mais importante do país.
Aliás, a instabilidade emocional é a tônica das
inúmeras declarações feitas ao longo de sua prolongada estada na Câmara, tanto
que é recordista em representações no Conselho de Ética. Já recebeu seis
punições em razão de pronunciamentos agressivos e entrevistas polêmicas. Foram
três censuras verbais e duas por escrito, mas por sorte (dele) nunca teve o
mandato cassado.
Com a crescente onda de violência urbana e diante
de uma atitude apática do poder público, os admiradores de Bolsonaro enxergam
nele a solução para a violência no país, pois é defensor ferrenho de armar a
sociedade.
Mas é preciso considerar que um presidente não tem
poderes para armar a sociedade, como deseja o presidenciável. Ele precisará
convencer o Congresso Nacional a alterar a
legislação, mas até agora a sua popularidade não chegou à classe política.
A fraquejada
Apesar de estarmos no século 21, algumas atitudes e
falas de Bolsonaro nos fazem lembrar do mundo de um século atrás, quando
mulheres eram consideradas seres inferiores ao homem. Prova disso é o discurso
pré-eleitoral que fez no Clube Hebraica, no Rio. Ao se referir à própria filha,
disse que tem quatro filhos homens, mas que, por fraquejar, a quinta veio
mulher.
Bolsonaro tem sua carreira política de 30 anos
calçada em polêmicas e não em uma produção legislativa satisfatória. Sequer
teve presença marcante em importantes momentos políticos do país.
Ele jamais conseguiu se tornar o centro das
atenções sem que isso tenha sido decorrência de pronunciamentos agressivos ou
entrevistas controversas. Durante discussões, a posição que toma é sempre
daquele que parte para a ofensa ou repressão diante da falta de argumentos para
discutir ideias.
Nióbio
Em vez de falar sobre como recuperar a combalide
conomia do país, sobre como diminuir o caos na segurança pública, na
educação e na saúde.
Bolsonaro fala sempre em acabar com reservas indígenas e quilombos, facilitar o
porte de arma ao cidadão de bem e defender a supervalorização do nióbio.
Sabe-se que o nióbio é realmente muito eficiente
como liga do aço, mas ele não é o único. Uma supervalorização desse produto
desencadearia a produção de outros metais similares em outros países, e o
resultado seria uma quantidade incontável de nióbio sem exploração.
A era dos extremistas políticos no Brasil já
acabou. A sociedade moderna não comporta mais discursos de ódio ou de ordem
autoritária. Governar um país não pode se limitar a querer fazer meia dúzia de
coisas, mas sim resolver problemas estruturais que afetam todo um sistema.
O brasileiro precisa entender que não será uma só
pessoa que “salvará” o Brasil pelo simples fato de não existirem
salvadores da pátria.
Lúcio Big, Congresso em Foco, via PragmatismoPolitico
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