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10 de dezembro de 2017

SUCESSÃO DE TEMER: O QUE ESPERAR DOS CONFRONTOS DE 2018

10/12 - Acerca de dez meses das eleições, já é possível antecipar as disputas de acordo com o quadro de pré-candidatos que começa a se consolidar. A tendência, segundo especialistas, é de que o confronto pelo Palácio do Planalto seja polarizado, com discussões que ampliem cenário de divisão do País, e de que abra espaço para novos nomes.

Já são pelo menos oito pré-candidatos confirmados. Destes, cinco têm se destacado nas pesquisas: o ex-presidente Lula (PT), o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) — que deve candidatar-se pelo Patriotas—, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), a ex-senadora Marina Silva (Rede) e o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT).  

Atrás, vêm a deputada estadual Gaúcha Manuela D’Ávila (PCdoB), o  senador Álvaro Dias (Podemos) e o empresário João Amoêdo (Novo), ainda atuando para reforçar seus nomes e entrar em 2018 mais conhecidos.  
Para além da escolha do novo chefe do Executivo Nacional, o pleito do próximo ano será simbólico por acontecer após o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e da intensificação da crise política e econômica. 

De acordo com o consultor político Márcio Coimbra, será uma disputa polarizada, com espaço para discussões que toquem extremos. “Eu acho que essa eleição é a polarização máxima entre um redescobrimento do conservadorismo no Brasil contra a esquerda, manchada com as denúncias de corrupção”, acredita. 

Segundo ele, poderá ser o momento de vitória de um candidato ligado a ideias conservadoras. O cientista político Filomeno Moraes, no entanto, acredita que “uma alternativa que transite no centro do espectro político poderá ter algum apelo e, ao fim e ao cabo, prevalecer”.  
Ele afirma que a dúvida sobre a candidatura do Lula, que pode vir a ser condenado e ser impedido de participar do processo eleitoral, mantém muitos cenários ainda indefinidos. “(Lula) é candidato com capacidade de incentivar ou desincentivar outras candidaturas”, explica.  

Ambos duvidam que Bolsonaro venha a ser eleito, embora deva, segundo eles, receber grande número de votos. Do outro lado, a esquerda articula-se com múltiplas candidaturas. Além dos já confirmados, o Psol negocia a filiação de Guilherme Boulos, líder do MTST. 
Há também nomes ainda sem partido que são cotados como possíveis candidatos. É o caso do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, que já admitiu possibilidade, e do apresentador Luciano Huck, que ainda nega. 

JOGOS E CLÁSSICOS DE 2018
Não é só a Copa do Mundo que vai movimentar 2018. As eleições presidenciais vão trazer disputas competitivas, e os pontos fortes e fracos de cada candidato podem definir quem sairá vencedor. Veja quais jogadores já estão em campo (titulares), despontando nas pesquisas e movimentando-se para fortalecer seu nome; e quais ainda estão sentados no banco (reservas), seja por não confirmarem a pré-candidatura ou por ainda terem desempenho tímido frente aos demais presidenciáveis.  
JOGADORES TITULARES: LULA (PT), EX-PRESIDENTE 
PONTOS FORTES:  
1. Tem a confiança do eleitor inclinado à esquerda e de parte da população mais pobre, que associa a ele uma melhora econômica vivida durante os seus governos e uma crise que se aprofunda somente após sua saída;  
2. Sua própria história, de ex-metalúrgico e sindicalista que consegue crescer politicamente e chegar ao maior cargo do País; 
3. Carisma e popularidade, que o tornam um dos políticos mais conhecidos do Brasil; 
4. Buscará se associar ao progressismo e à liberdade, às pautas mais voltadas ao povo pobre e à crítica ao conservadorismo e à ditadura militar, para diferenciar-se dos adversários. 
PONTOS FRACOS: 
1. Alto índice de rejeição da população devido às denúncias de corrupção contra ele e o seu partido, além de escândalos associados a políticos que integraram seu governo; 
2. Sua alta popularidade também poderá ter efeito negativo, devido ao desgaste que sua imagem sofre com a exposição constante e a lembrança de dois mandatos na Presidência da República; 
3. A possibilidade de tornar-se inelegível caso sofra alguma condenação em segunda instância. Assim pode ser “expulso” do disputa. 
4. A esquerda que representa, desgastada junto com o PT, poderá ser um empecilho para conquistar novos eleitores em um momento em que o discurso conservador está mais aparente no País. 
JAIR BOLSONARO (PSC), DEPUTADO FEDERAL 
PONTOS FORTES:  
1. Representa parte da população indignada com tantos escândalos de corrupção, insegurança, crise econômica e outros problemas sociais do País, como um catalisador da “desesperança nacional” com os políticos ditos corruptos; 
2. Forte identificação com setores mais conservadores da população, além de parcela mais pobre e de uma juventude indignada; 
3. A ausência de denúncias de corrupção relacionadas a ele, ao mesmo tempo em que não é um político novo, vai ajudá-lo a construir a imagem de homem honesto, com autoridade para “limpar” a sujeira do Brasil; 
4. Declarações polêmicas que, ao mesmo tempo que podem ser negativas, se associam aos anseios de parte da população que defende o armamento e o regime militar, além de representar uma “falta de papas na língua” de quem não tem medo de falar o que pensa.
PONTOS FRACOS:  
1. A sua própria personalidade, afeita a comentários e opiniões polêmicas que podem ser usadas contra ele, além da possibilidade de falar algo que seja mal visto durante a campanha; 
2. A pouca produção parlamentar em 26 anos de mandatos públicos pode ser associada ao desejo de enriquecimento com a política, sem o devido retorno à população; 
3. Pode ser acusado de autoritário devido suas ideias conservadoras e falas que já minimizaram os efeitos negativos do regime militar; visto como racista e homofóbico 
4. Dificuldade de ganhar eleitores em setores mais progressistas da população, além de uma classe média alta urbana que valoriza discursos mais “neutros” e pacíficos. 
CIRO GOMES (PDT), EX-GOVERNADOR DO CEARÁ 
PONTOS FORTES: 
1. Candidato capaz de conquistar votos de mais de um lado do espectro político, dos mais progressistas aos liberais e até conservadores, indignados com a situação econômica e os escândalos de corrupção do País, pode ser considerado um candidato de convergência; 
2. Imagem de candidato de “autoridade”, com conhecimentos econômicos e sociais suficientes para fazer uma boa administração no País;  
3. É um nome que pode representar a esquerda que não confia mais no Lula ou que pode ficar sem candidato se o petista não puder se candidatar; 
4. Não tem o nome envolvido em grandes escândalos de corrupção, dando a ele munição para falar mal da prática. 
PONTOS FRACOS: 
1. Personalidade improvável e temperamento estourado, que podem resultar em declarações ou atitudes destemperadas que o enfraqueceriam na disputa; 
2. Rejeição alta, associada provavelmente à sua personalidade, tornam a conquista de novos eleitores mais difícil; 
3. É de uma família com forte influência política no Ceará há muitos anos, o que exclui a possibilidade de ele se construir como um candidato capaz de trazer renovação e o relaciona com a alcunha de “coronel”, dada a ele por adversários; 
4. Nome de pouca influência regional, embora ele já tenha se candidatado ao cargo em outras duas situações: 
GERALDO ALCKMIN (PSDB) 
PONTOS FORTES
1. Partido forte, com grandes capacidade de coligação, o que aumentaria seu tempo de televisão e rádio durante a campanha; 
2. Apoio de grandes empresários e investidores do País, o que daria a ele chance de uma campanha mais “rica”, além da influência desses setores na opinião pública; 
3. Mais de 60Ú população do Estado de São Paulo considera seu governo ótimo/bom ou regular, números que podem ser usados em uma campanha como sinal de competência de administração; 
4. Tem uma identificação tanto com o eleitor mais conservador, que despreza o PT e a esquerda, quanto com o mais neutro, que valoriza as ideias de centro e posições menos “extremistas”. 
PONTOS FRACOS: 
1. Vai sofrer as consequências do envolvimento do PSDB com vários escândalos de corrupção, sobretudo do senador Aécio Neves, figura que já apoiou e com quem teve proximidade, além da política do governo do Fernando Henrique Cardoso, associada a privatizações; 
2. Ligação do PSDB com o governo de Michel Temer (PMDB) e apoio ao impeachment de Dilma Rousseff (PT) também poderão gerar desgaste na candidatura de Alckmin; 
3. Pouca identificação com setores mais pobres da população e em regiões como o Nordeste; 
4. Personalidade mais “neutra”, de poucas opiniões fortes, pode ser mal vistas em um momento em que a população exige posições claras e bem definidas.

MARINA SILVA (REDE), EX-SENADORA 
PONTOS FORTES: 
1. Sua própria história de vida, que a associa à simplicidade de um povo mais pobre, deve ajudá-la a conservar com esses setores 
2. A sua personalidade mais pacífica pode ser positiva para ela em uma eleição de extremos, onde a polarização deve prevalecer mas também incomodar setores alheios a essas disputas; 
3. A possibilidade de ela construir uma imagem de alguém que, embora tenha longa trajetória política, traria renovação, por não estar inserida em nenhum governo nem carregar mandato político de muitos anos; 
4. Posições conservadoras ligadas à religião protestante podem ser positivas em um momento que essas ideias estão crescendo, mas também podem ser negativas. 
PONTOS FRACOS: 
1. Está em um partido pequeno, com pouca possibilidade de coligação e, portanto, pouco tempo de televisão e de rádio; 
2. Pode pagar o preço de ter apoiado Aécio Neves no segundo turno das eleições de 2014; 
3. Embora seja uma figura conhecida, tem pouca atuação pública, o que a torna alguém com popularidade baixa frente a outros candidatos mais carismáticos; 
4. Personalidade mais defensiva, pouco agressiva, pode deixá-la para trás em uma eleição que tende a ser muito disputada. 
JOGADORES RESERVAS: João Dória (PSDB) Luciano Huck (Sem partido) Guilherme Boulos (Sem Partido) Henrique Meirelles (PSD) Joaquim Barbosa (Sem Partido) Álvaro Dias (Podemos)* Manuela D’Ávila (PCdoB)* João Amoêdo (Novo)* 
*Estão confirmados pelos partidos como pré-candidatos, mas ainda não estão dentro de campo porque não são muito lembrados nas pesquisas 
POR QUE VALE A PENA CONFERIR OS SEGUINTES EMBATES: 
Lula X Bolsonaro 
Disputa entre ambos deve ser bastante polarizada, com discursos sobre a esquerda e a direita, o progressismo e o conservadorismo. Os escândalos de corrupção devem estar muito presentes nos ataques de Bolsonaro a Lula, enquanto este deve aproveitar-se de afirmações elogiosas do Bolsonaro sobre o regime militar para tachá-lo de autoritário. 
Lula X Marina Silva 
A campanha de Lula tende a ser mais agressiva contra Marina, como aconteceu em 2014, lembrando da época em que pré-candidata era filiada ao Partido dos Trabalhadores. O “fantasma” do PT e ao apoio dela a Aécio em 2014 devem ser usados contra ela. Do outro lado, ela vai tentar vender-se como figura “limpa” de denúncias e processos.
Lula X Alckmin 
Polarização PT versus PSDB devem dar o tom da disputa, com a comparação constante entre o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) com os 13 anos de PT na presidência da República. A relação deles com a classe mais pobre do País também deve ser evocada, além de lembranças dos dois lados sobre os escândalos de corrupção que mancham ambos os partidos. 
Lula X Ciro Gomes 
A disputa seria entre velhos amigos, o que dificultaria tom mais agressivo e acusações dos dois lados. Ainda assim, Ciro poderia repetir críticas já feitas contra Lula sobre a aproximação do petista com “golpistas” e um governo fisiologista, enquanto Lula usaria sua popularidade para se sobressair.Bolsonaro X Marina Silva Marina Silva se utilizaria de imagem mais intelectual ligada a ela contra o destempero do adversário, podendo-o acusar, inclusive, de machista, recuperando frases polêmicas do adversário. Bolsonaro, no entanto, encarnaria população mais indignada, que espera personalidade mais forte para comandar o País. 
Bolsonaro X Alckmin 
Alckmin adquiriria imagem mais de centro frente ao adversário que acusaria de “extremista”, tentando conquistar ala mais esquerdista. Já Bolsonaro usaria escândalos de corrupção do PSDB para alçar-se como candidato “limpo”.
Bolsonaro X Ciro Gomes 
Seria, talvez, disputa mais agressiva de todas. Ambos têm temperamento explosivo e tendência a falar “sem pensar”, gerando um estrago na própria candidatura. Ciro ficaria com ala progressista e Bolsonaro com a conservadora, fazendo com que eles tivessem que diminuir o tom em alguns temas para conquistar simpatia do centro. 
Marina Silva X Alckmin 
Seria a disputa de alguém que representa a “renovação” contra um candidato cuja sigla que estava no governo de Temer um ano antes. Alckmin tende a ser mais agressivo, enquanto Marina utilizaria da corrupção praticada por nomes do PSDB para se sobressair. 
Mariana Silva x Ciro Gomes
Ciro já acusou Marina de não ter vigor suficiente para disputar o cargo. A tendência é que ele parta mais para o ataque, enquanto ela se defende e busca relacioná-lo a uma velha política. 
Alckmin X Ciro Gomes 
Seria como uma disputa do PT versus PSDB, com o Ciro representando a esquerda e as políticas públicas voltadas para os pobres e Alckmin tendo que defender governo FHC.
O Povo
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