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29 de agosto de 2014

VIA E-MAIL AO SITE MASSAPÊ INDO E VOLTANDO: "PRA MAIS DE 500"



José Maria Azevedo de saudosa memória (*03/02/1932 +09/08/2009), ingressou na política municipal massapeense em 15 de novembro de 1970, eleito vereador (cargo não remunerado) com expressivos 408 votos a favor, de um contingente de 2.379 eleitores, filiado a ARENA 2(Aliança Renovadora Nacional). Em 1972 renunciou ao mandato de vereador e concorreu às eleições majoritárias para prefeito de Massapê, tendo como companheiro de chapa, Zé Albino, perdendo apenas com cento e poucos votos de diferença para o seu opositor Francisco Lopes de Aguiar Neto. Concorreu novamente em 1976 (seu vice Evandro Rodrigues) e o vitorioso desta feita foi Beto Lira. Em setembro e outubro de 1988 ocupou a cadeira número 1 do Paço Municipal na qualidade de interventor.  Nas eleições de 1972 o mascote da sua campanha era uma vassoura, fazendo alusão ao símbolo de campanha do presidente da República Jânio Quadros (31/01 a 25/08/1961), segundo ele, no sentido de varrer a sujeita instalada pelo grupo situacionista. Nas passeatas pelo centro da nossa cidade, se via uma multidão de eleitores, literalmente varrendo as ruas, cada um com uma vassoura a tiracolo, cantando: Varre, varre, varre vassourinha... Os eleitores mais fanáticos transportavam na cabeça potes e baldes com água e sabão Pavão (é o novo!). A Justiça Eleitoral à época, não era tão exigente, e permitia que os candidatos promovessem festas com Comes & Bebes no interior das suas próprias residências. E, no “Terreiro da Casa Branca”, animadas festas com o Forró Chapéu de Rola sob a batuta do sanfoneiro Deca Juvêncio, raiavam o dia na residência oficial do popular político Zé Maria Azevedo. Abatiam-se bois, porcos, cabras e galinhas para servir aos convidados em grandes banquetes, que, via de regra, eram ofertados ao povo logo após a votação. Os eleitores da zona rural tinham até transporte (pau-de-arara) à disposição, para trazê-los e levá-los, tudo por conta exclusiva do seu candidato. A figura do cabo eleitoral – homem de confiança do candidato e de respaldo político junto à sua comunidade, era peça fundamental e preponderante para o sucesso da campanha eleitoral e, por consequência, a tão almejada vitória. Um desses cabos eleitorais era Luiz Oim – que foi incumbido por Zé Maria Azevedo para fazer uma pesquisa de intenção de votos no distrito Tangente, distante cerca de 20 kms de Massapê, cuja secção eleitoral à época, atingia aproximadamente 200 eleitores aptos a votar. Ibope por aqui, muito menos por lá, não existia e tudo era “feito nas coxas”, como diz um velho adágio popular. Luiz Oim (que além de alcoólatra era vesgo, daí a justificativa do apelido), passou três dias em campo, visitando aquele simpático distrito, com estadia, almoço, janta, merenda, aperitivos e mais algumas mordomias, sem falar nas aventuras romanescas, tudo por conta exclusiva do seu apadrinhado político. Ao retornar para Massapê, com um caderno ligeiramente amassado debaixo do sovaco e caneta apoiada por sobre a orelha, Luiz Oim se dirigiu ao nobre e conceituado político, aos soluços, perfazendo caminho de formiga, pois havia consumido generosas doses de cachaça serrana, daquelas de fazer rosário no copo, envelhecida em tonel de carvalho misturada com bálsamo. A seguir, transcrição do diálogo entre os dois, vazado nos seguintes termos:  
- Luiz Oim, tu fizestes a pesquisa que eu encomendei lá no distrito Tangente?
- Fi... fi... fiz, seu Zé Maria, hic, Azevedo...
- Lá, a gente ganha ou não ganha, Luiz Oim?
- Ga... ga... ganha, seu Zé, hic...
- Com quantos votos de vantagem, Luiz Oim?  
Luiz Oim, que mal conseguia se equilibrar, abriu o caderno de anotações contendo algumas fichas da tão esperada pesquisa, improvisou alguns rabiscos, tentou arregalar os olhos (como que arregala?), e respondeu taxativamente:
- Seu Zé Maria, hic, Azevedo, segundo meus cálculos, hic, lá no Tangente, o senhor ganha é de lavagem, hic...
- Sim, mas me diga com quantos votos de diferença?
- Hic... Pra mais de 500! – respondeu o ingênuo cabo eleitoral sem noções de números absolutos. O experiente político, que tinha como traços de personalidade, humildade e paciência franciscanas, deu largo sorriso e alfinetou:
- Luiz Oim, abre o olho. Além de vesgo, cego e bêbado, tu também é um doido “varrido”. No Tangente não tem 200 eleitores, como é que eu ganho por lá com mais de 500 votos de diferença?
Mazim Lira (1º), pref. de Moraújo Raimundo Lúcio (2º), Zé Maria Azevedo (5º), ver. Manoel Coelho do Tangente (6º),  pref. Beto Lira e presidente da Câmara, o ver. Chico Machado (7º e 8º) – por ocasião do 1º seminário para novos prefeitos do Ceará, ocorrido em Fortaleza, de 10 a 14 de janeiro de 1977.
Fotografia - fonte: Chico Machado.  
Do livro: Histórias que me contaram de Massapê – autor: Ferreirinha.
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