O presidenciável Aécio Neves está diante do maior
desafio político de sua campanha – e, pelo tamanho do prêmio, de
sua vida pública. A percorrer o caminho suave apontado por
conselheiros como o presidente Fernando Henrique, que não quer ver a
candidata Marina Silva, do PSB, "melindrada", ou ouvir
vozes influentes na formulação econômica tucana, como o
ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, que vê "muitos
pontos em comum" na plataforma dos dois candidatos, Aécio pode
estar frito. As fórmulas que preservam de crítica a nova
concorrente servem, sem dúvida, a um certo projeto de tornar o PSDB
uma legenda que, conscientemente, abriria passagem aos 'marineiros',
agora, e daria apoio à eventual gestão, mais tarde, da adversária
no Palácio do Planalto.
Nesta última segunda-feira 25, ao mesmo tempo, em
entrevistas para dois dos principais jornais do País, dois dos mais
destacados envolvidos na campanha de Marina manifestaram agrado por
essa estratégia que, a eles, soa como música. Tanto o presidente do
PSB, o experiente Roberto Amaral, na Folha de S. Paulo, como o
professor Eduardo Gianetti, credenciado como o maior formulador da
plataforma econômica da candidata, no Valor Econômico, falaram em
"governar com as franjas do PT e do PSDB", num recado que,
a esta altura, só serve para os quadros qualificados desta última
agremiação.
Ao contrário de chefes tucanos como FHC, não houve
no PT quem manifestasse alguma simpatia pela candidatura de Marina.
Ao contrário, a entrada na disputa correspondeu a respostas diretas
e indiretas da própria candidata Dilma Rousseff na oposição ao
nome do PSB. Citando Marina, a presidente disse que a ela falta
"experiência administrativa".
Na tarde de ontem 25, no Palácio do Planalto,
respondendo a jornalistas, Dilma afirmou, de maneira enviesada, que
um candidato que não se preocupa com a gestão não serve para ser
presidente do Brasil, mas apenas "para Rainha da Inglaterra".
Em outras palavras, para conter o esperado crescimento de Marina,
Dilma começou a 'bater' nela. Em seguida, cobrou da candidata do PSB
explicações formais sobre a situação do jatinho em que Eduardo
Campos morreu - e o qual a própria Marina fez uma série de viagens
de campanha.
Brasil 247
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