O Ano de 1989 talvez possa ser apontado como
o ano da retomada dos sonhos e da utopia da construção de um Brasil menos
desigual. A ditadura fora extinta quatro anos antes com a saída de cena do
último presidente general - João Figueiredo, aquele que dissera preferir cheiro
de cavalo a cheiro de povo. Esse ano marca o retorno de eleições diretas para
presidente, posto que as últimas da espécie ocorreram em 1960.
Nesse cenário de euforia e esperança, é do
Nordeste que vem o combustível para incendiar as eleições presidenciais.
Fernando Collor de Melo, sob o slogan “Caçador de Marajás”, encarnou o
desejo por mudança. Em disputa, com Lula no segundo turno, Collor
saiu vencedor. Instalado o novo governo, o país foi surpreendido com o mais
traumático de todos os planos econômicos - aquele que confiscou a poupança e a conta-corrente
dos brasileiros. O Plano Collor mostrou-se um fiasco e foi vencido pela
inflação. Posteriormente denúncias de corrupção levaram o fanfarrão das Alagoas ao impeachment.
Vinte e cinco anos depois, diferente de 1989,
o brasileiro parecia apático com as eleições presidenciais até que um fato, que
só o acaso explica, reascendeu a esperança de um Brasil melhor. Mais uma vez o
episódio vem do Nordeste. O presidenciável pernambucano Eduardo Campos até então
meio desconhecido da população sofre um
acidente aéreo em Santos. A sua morte causou comoção nacional e, de repente, mexeu no xadrez eleitoral. A sua herdeira
política Marina Silva agora parece encarnar o desejo reprimido de mudança. Era
o combustível que faltava.
As semelhanças entre Collor e Marina não
param só na origem do combustível. Há
uma outra, Marina também pode ser
presidente. A ex-senadora do Acre, nas pesquisas de intenção
de votos, demonstra força para isso. No entanto, o Brasil espera que as
semelhanças parem por aí.
Em tempo, ainda incendiário acreditei em
Collor. Depois aplaudi os estudantes e o povo que exigiram a sua retirada do
governo. Hoje, já bombeiro, também acredito em Marina Silva. Mas se eleita
presidente, espero não precisar aplaudir os cara-pintadas.
Dr. João Tomaz Neto
Advogado e Professor
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