Às vésperas da Copa do Mundo, a
Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se livrou de uma proposta para
sobretaxá-la em cerca de R$ 30 milhões por ano, valor que seria revertido para
um fundo de formação de novos atletas, mas que comprometeria mais da metade dos
lucros da entidade máxima do futebol nacional. Na última terça-feira (6), a
comissão especial que analisa projeto para reparcelar dívidas atrasadas dos
clubes, acumuladas em R$ 4 bilhões ao longo de pelo menos 25 anos, deve votar
relatório do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) após acordo para retirar trecho
que pede a cobrança de tributo sobre 10% do faturamento da CBF.
A comissão é presidida por Jovair
Arantes (PTB-GO), dirigente do Atlético Clube Goianiense, e tem como vice o
deputado Vicente Cândido (PT-SP), cartola da Federação Paulista de Futebol
(FPF). Há duas semanas, os lobistas da CBF estiveram no colegiado e convenceram
os deputados a não votarem o relatório de Otávio Leite. O faturamento da
confederação é estimado R$ 300 milhões por ano – o lucro é de R$ 55 milhões. O
tucano atribui seu recuo à pressão exercida pelos deputados, pela CBF e pelo
presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Otávio
Leite afirma que, pelo acordo, a tributação da cartolagem será discutida em
outro projeto, a ser ainda apresentado na Casa. “A marca que a CBF vende é o
Brasil, e isso pertence a todos os brasileiros”, disse o parlamentar fluminense
ao Congresso em Foco.
O deputado
destaca que o reparcelamento das dívidas é necessário, mas será feito mediante
a criação de uma “lei de responsabilidade fiscal” para os cartolas de futebol.
Nesse
caso, o dirigente não poderá deixar dívidas para os sucessores, terá de se
responsabilizar criminalmente pela gestão e, aos poucos, pela redução do
déficit dos times de futebol. Além disso, quem não pagar as dívidas poderá ser
rebaixado no Campeonato Brasileiro para as séries B, C e D.
Pela proposta, os clubes terão mais
25 anos para pagar o que não fizeram no último quarto de século. São R$ 3,3
bilhões em dívidas cobradas na Justiça e mais cerca de R$ 700 milhões em
valores cobrados fora dos tribunais. A proposta ainda reduz a cobrança de juros
à metade, antes calculada pela taxa Selic (11% ao ano), utilizando o índice da
Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), de 5%. Segundo Otávio Leite, essa redução
vale para recalcular toda a dívida do passado. Duas loterias serão criadas para
ajudar a abater a dívida e o Imposto de Renda da Timemania, já existente,
deixará de ser cobrado.
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