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19 de setembro de 2014

POR E-MAIL AO SITE: “CA, CA, CA, CA, CA, CA, CA... CAMOCIM”



José Edimar Gomes, (54 anos) – popularmente conhecido no seio da sociedade massapeense por Zé Bode, adquiriu a alcunha ainda criança, em face da gagueira. O menino balbuciava suas primeiras palavras imitando o berro do caprino: beeee, beeee. De José para Zé Bode foi um pulinho. Dentre tantas qualidades que lhe são peculiares, o bom rapaz é autodidata, historiador por natureza, exercendo esporadicamente a profissão de técnico-eletricista e manutenção de pequenos motores. Desde tenra infância adquiriu gagueira de forma moderada, mas que se acentua demasiadamente nos momentos de embriaguez, inquietação e profunda irritação, sendo que, nunca foi submetido a tratamento com médico especialista em fonoaudiologia. Em plena segunda-feira do Carnaval de 2012, Zé Bode se divertia, bebendo “Umas & Outras”, em um bar próximo à rotatória (anel viário) de acesso a avenida Senador Ozires Pontes, e no exato momento de montar na sua motocicleta cor de abóbora, marca Kansas, 150 cilindradas, equipada com duas caixinhas de som contrabandeadas do Paraguai, foi abordado por um casal que ocupava um daqueles carrões importados com design futurístico. Antes de entrarmos no mérito da questão, é bom frisar que no referido logradouro público inexistiam placas de sinalização indicando as vias de acesso às cidades de Santana do Acaraú (CE 232 – rodovia Dermeval Carneiro Vasconcelos) e de Senador Sá, Uruoca, Martinópolis, Granja e Camocim (CE 362), de modo que, os motoristas ficavam sem saber para onde ir e, via de regra, dependiam de uma informação precisa para seguir tranquilo ao seu destino. Abaixo, transcrição do diálogo entre os três personagens, vazado nos seguintes termos:
- Bom, bom, bom, bom, bom, bom... dia? – cumprimentou o motorista do veículo, por incrível que pareça, coincidentemente também era gago, complementando:
- Ca, ca, ca, ca, ca, ca, ca, ca, ca... Camocim, fi... fi, fi, fi, fi, fi, fi, fi, fi, fi, fica pra onde?
Zé Bode não titubeou, fechou os olhos, soltou o verbo, ou melhor, a gagueira, e cortesmente foi prontamente respondendo:
- Ca... ca, ca, ca, ca, ca, ca, ca, ca, ca, ca... Camocim, fi... fi, fi, fi, fi, fi, fi, fi, fica nesta di... di, di, di, di, di, di, di, di, direção... – disse Zé Bode, inicialmente com o braço articulado em forma de “v” e em seguida na horizontal, apontando com o dedo indicador, o rumo daquela aprazível cidade praiana.
- Você respeita o meu marido, seu sem vergonha! – retrucou a senhora enfurecida, do assento do carona.
- E... e, e, e, e, e, e, e, e, e, e, e, eu, num fiz n-nada!!! – respondeu Zé Bode já bastante irritado e cheio de razão. Foi quando o motorista do carro (que deveria ser uma autoridade), comprou a briga e indagou:
- Po... po, po, po, po, po, po, po, por acaso, vo, vo, vo, vo, vo, vo, vo, vo, vo, você sabe com quem, e-está, fa, fa, fa, fa, fa, fa, fa, fa, fa, fa, falando???
- E, e, e, e, e, e, e, e, e, é claro que eu sei. É com um ga... ga, ga, ga, ga, ga, ga, ga, ga, ga, ga... gago que nem eu. Refeitos do susto, ambos seguiram seus caminhos. O casal partiu com destino a Camocim e Zé Bode, tradicional consumidor etílico da cachaça Ypioca e saudosista que é, sem lenço e sem documento, continuou peregrinar de bar em bar, ouvindo e curtindo as marchinhas dos carnavais de outrora, tipo o refrão: ♫ Você pensa que cachaça é água, cachaça não é água não, cachaça vem do alambique, e água vem do ribeirão...
Zé Bode e sua Kansas 150 cilindradas
Do livro: Histórias & Causos com Casos & Estórias de Massape – autor: Ferreirinha.
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