14/02 - O Homo sapiens de 300.000 anos atrás teria adorado o
Facebook. Sua sobrevivência e reprodução dependiam de poderem contar uns aos
outros onde caçar bisões e que áreas eram perigosas, mas também de “saber quem
da sua turma odeia quem, quem dorme com quem, quem é honesto e quem é
trapaceiro”. A fofoca é uma das teorias que explicam a origem da linguagem
entre os humanos.
O Facebook, com 2,3 bilhões de contas ativas, ajuda
a nos conectarmos e compartilharmos nossa vida com nossos amigos/conhecidos.
Somos animais sociais, e nos relacionar com os outros é uma das fontes de
felicidade do ser humano.
Mas qual é o impacto das redes sociais sobre nossas atitudes, nossas rotinas, nossos comportamentos, nosso humor...? Dois estudos buscaram responder a estas perguntas fazendo alguns usuários desaparecerem temporariamente. “ Um mês fora do Facebook aumenta o bem-estar geral, reduz a ansiedade, a depressão e o tempo dedicado posteriormente a esta rede social”, segundo a pesquisa das universidades NYU Stanford. Trata-se da maior análise já feita sobre os efeitos do Facebook em nossos cotidianos e hábitos.
Como concluíram isso? Com o mesmo método que os laboratórios farmacêuticos usam para saber se um remédio funciona: escolheram um grupo de 2.844 usuários que cumpriam os requisitos e os dividiram aleatoriamente. A uns deram o tratamento, um mês de abstinência do Facebook, e ao outro, o grupo de controle, permitiram que continuassem conectados. O experimento consistiu em monitorar as diferenças entre os dois grupos.
“Os aumentos no bem-estar geral são pequenos, mas muito significativos”, dizem os autores, liderados por Hunt Allcott. As pessoas que estavam fora do mundo dos likes respondia aos pesquisadores que se sentiam mais feliz, mais satisfeitos com sua vida e com menos depressão e ansiedade. Essa melhora equivalia a 25% - 40% dos benefícios oferecidos por uma terapia psicológica.
O outro estudo publicado dias antes, da Universidade A&M do Texas, não encontrava um efeito relevante na felicidade. Nessa pesquisa, a desativação da rede social durou só uma semana, mas mesmo assim se constatou, de forma compatível com o estudo mencionado antes, uma redução de 17% nos sentimentos depressivos.
Como isso se explica? Uma possibilidade é a teoria da comparação social. O Facebook pode alimentar sentimentos de inveja e frustração se decidirmos que o valor de nossa vida social e pessoal varia em função de como vai o resto. Porque, sejamos sinceros, a maioria tende a compartilhar seu melhor momento ou foto do dia, e isso pode gerar a falsa ideia de que a vida dos nossos amigos é maravilhosa, e que a nossa não faz sentido.
Muita gente usa as redes sociais para se informar, por isso não surpreendeu que os usuários que desativaram sua conta do Facebook estavam menos a par das notícias. Tampouco se deram ao trabalho de se conectar a outros canais tradicionais, como a rádio, a televisão ou os jornais.
Uma hora livre por dia
Talvez o maior presente pessoal de
deixar o Facebook eram 60 minutos liberados por dia. Os usuários desconectados
passaram mais tempo com os amigos, a família, saíram para jantar fora mais
vezes e também passaram mais momentos vendo televisão sozinhos. Em geral,
ocuparam seu novo tempo livre com atividades mais saudáveis, e isso se refletiu
em seu estado de ânimo.
(El País)
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