28/09 - As declarações do candidato a vice-presidente na
chapa de Jair Bolsonaro (PSL), general Hamilton Mourão, têm causado dor de
cabeça na campanha do presidenciável e preocupado até os eleitores do capitão
reformado do Exército.
No último mês, Mourão fez uma série de comentários
impopulares, como a ideia de criar uma nova Constituição sem participação
popular e a visão de que filhos criados por mães e avós têm mais chances de
entrar para o tráfico. O palco da última declaração polêmica foi o Rio Grande
do Sul, quando, em uma palestra feita na quarta-feira, disse que o 13º salário
e o adicional de férias são “jabuticabas brasileiras” e “uma mochila nas costas
dos empresários”.
A fala repercutiu depois da publicação no Blog da Denise, do Correio. Bolsonaro desautorizou o vice no Twitter, ao declarar que o 13º salário está previsto na Constituição e é cláusula pétrea, que não pode ser mudado nem por emenda. Disse ainda que “criticá-lo, além de uma ofensa a quem trabalha, confessa desconhecer a Constituição”.
Pouco depois, Mourão teve todas as agendas públicas
canceladas até o primeiro turno das votações, em 7 de outubro. Para Bolsonaro,
o vice tocou em um tema desnecessário, que pode resultar na perda de um
eleitorado importante, especialmente o de menor renda. Esse tipo de declaração
é considerada mais perigosa a 9 dias das eleições.
A preocupação aumenta com a proximidade do pleito, mas as polêmicas não são novas nem inesperadas. As ideias do general, constantemente rebatidas pelo cabeça de chapa, são sintoma de uma campanha extremamente dividida entre as três principais figuras: Bolsonaro, Mourão e o economista Paulo Guedes. Os dois últimos se aproximaram mais desde que o deputado federal foi hospitalizado, no início do mês, após ter sido vítima de um atentado à faca durante um ato de campanha, em Juiz de Fora (MG).
“Mourão está muito mais em sintonia com Paulo Guedes do que com Bolsonaro nos últimos tempos, pelo que temos observado”, afirma o analista político Thiago Vidal, da Prospectiva Consultoria. Guedes também desagradou Bolsonaro. Na semana passada, por exemplo, defendeu a volta da CPMF, o imposto sobre transações financeiras, e também foi desautorizado pelo chefe.
“Não é normal que os vices façam, na
campanha, comentários que repercutem tanto”, acredita o analista político. “O
problema, no caso do Bolsonaro, é que muitos assuntos não estão no programa de
governo. As propostas dele não estão claras. Têm vários gargalos que são
preenchidos por meio dessas declarações”, explica Vidal.
(Correio braziliense)
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