MACACOS ME MORDAM
Nas eleições
municipais de 2012, em Massapê, cidadezinha do interior cearense, as
previsões eleitoreiras eram das mais inusitadas, no que se refere ao
qual político sufragaria vitorioso nas urnas. “A Força do Novo
Tempo” divulgava pesquisa encomendada pela sua coligação, com
margem expressiva de vantagem ante seu opositor. Da mesma forma, a
coligação “Do Povo para o Povo”, com igual vantagem a seu
favor. Quem falava a verdade ou faltava com a verdade, só o tempo
iria dizer no dia 7 de outubro. Que ironia, sete – a conta do
mentiroso, segundo a vã filosofia popular. Terreiros de macumba ou
de umbanda, como queiram, nos três meses da campanha eleitoral, eram
frequentadíssimos por ingênuos e fanáticos eleitores, que recebiam
mensagens do além, via Caboclo, Pomba-Gira,Tranca Rua e Cia Ltda.,
que defendiam com unhas e dentes, ou melhor, com descarada mentira,
fanáticos e esperançosos e porque não dizer, eleitores
desesperados de toda sorte. Teve um falso vidente, que se dizia dono
da verdade, que previu até o fim do mundo, imagine uma simples
eleiçãozinha com a vitória da coligação “Do Povo para o Povo”.
Mas que asneira! Até a única casa de morada dele, foi posta ao
infortúnio, pau a pau, de sorte que o concorrente, correu frouxo.
Outro falso profeta atendendo a um trabalho encomendado, flutuou dois
barquinhos de papel, um vermelho e o outro azul, em uma bacia cheia
de água, e eis que após exatos 45 segundos o barquinho vermelho
afundou, engolido pela Onda Azul, encalhando a 40 metros de
profundidade. Teve um deles que disse “tirar de letra” a vitória
da coligação 45, pois que, já acertou quatro vezes e não seria
desta feita que iria errar. Errou, ou melhor, enganou feio. Depois,
não gostam que nós, formadores de opinião, tornemos público suas
mirabolantes profecias e falsas vidências, ao extremo de um deles me
intitular “Um Desocupado da Vida”. Va-ga-bun-do, com todas as
sílabas, é “Vossa Falsa Entidade”, que nunca trabalhou e vive
e sobrevive de enganar os pobres de espírito. Desconhece, o ignóbil,
o trabalho histórico, cultural, literário e artístico que
desenvolvo em nossa cidade. Consta que, tão logo a Justiça
Eleitoral declarou vitoriosa com margem expressiva de 1.078 votos de
diferença à favor da coligação “A Força do Novo Tempo”, um
matuto caboclo serrano, com raízes e residência fixa na Serra da
Meruoca, necessitou, desesperadamente, dos “poderes sobrenaturais”
de um vidente, para dar cabo do seu macaco que sumira repentinamente.
Foi-lhe dito sem margem de erro e com toda segurança, que seu mimado
macaco de estimação, àquela altura, infelizmente metade da sua
suculenta carne estava salgada, e a outra metade bem fresquinha, na
fervura da panela de barro no fogão a lenha, em longo processo de
cozimento, temperada com cheiro verde e pimentas de cheiro. No que
seu não bobo consultado espiritual retrucou, esclarecendo que o
macaco em referência, era o equipamento mecânico e hidráulico
utilizado para a suspensão de veículos automotores, que fora
subtraído por larápios do interior do seu caminhão, na calada da
noite anterior. E aonde foi parar a credibilidade desse charlatão
que se intitula vidente? Macacos me mordam.
Do livro: Estórias &
Casos com Causos e Histórias de Massapê – autor: Ferreirinha.
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