Por
ocasião do sepultamento do corpo do nosso querido massapeense Pedro Alves
Lopes, popularmente conhecido por Pedro Bia, (*12.05.1940 +13.03.2014), na
política municipal tido como tradicional Cabeça-de-Fita, daqueles de
carteirinha que não abrem nem para um trem carregado de chumbo, Jacques
Albuquerque, como sempre, compareceu ao velório e, em seguida, ao cortejo
fúnebre com destino ao cemitério São João Batista, devidamente escoltado. Isto
mesmo, escoltado nada mais e nada menos por Chico Mendes e seus quatro cachorros
mestiços, sem raça definida, popularmente classificada por Vira-latas. Os
caninos, que apesar de não ostentarem pedigree,
diga-se de passagem, são bem tratados e adestrados, fiéis ao seu dono, que, com
um simples comando, podem atacar gravemente qualquer desafeto. Durante a
procissão funeral, Chico Mendes que passava por uma crise alcoólica havia dois
meses, cismou de não deixar se aproximar do líder político, velhos amigos e
eleitores de longas datas, que, a todo instante, eram barrados, sob os olhares
atentos dos seus robustos animais domesticados. Nesta circunstância um tanto
quanto arriscada e perigosa, quem atreveria se aproximar do político, tido por
extremamente caridoso, quando abordado? Pois não é que não faltaram alguns
aventureiros, dentre os quais, José Maria Madalena – vulgo Zé Maria Priquitim,
que também compõe a mesma lista etílica do seu amigo, o tratador de cães. Eis,
a seguir, o teor da discussão entre os dois, vazada nos seguintes termos:
-
Eu quero falar com o Jacques – disse Zé Maria Priquitim tentando abraçar o líder
político.
-
Respeita o enterro do finado, isso não é hora de pedir dinheiro – retrucou
Chico Mendes, empurrando o amigo de pé-de-balcão.
-
Eu não quero dinheiro não, doido, quero apenas dar um aperto de mão no meu
amigo Jacques – insistiu Zé Maria Priquitim, meio bamboleando.
-
O problema está exatamente no “recheio” do aperto de mão. Sai daqui – retrucou Chico
Mendes, expulsando o amigo.
Jacques
Albuquerque em respeito ao de cujus e
seus familiares, assistia a tudo em absoluto silêncio, não interferindo nas encorajadas
iniciativas do pitoresco Chico Mendes, que àquela altura, já estava bravo até
por demais, inclusive, ameaçando um possível ataque dos seus cães, caso alguém
insistisse na abordagem direta ao político. Nisso Zé Maria Priquitim esbravejou
em alto e bom tom de voz:
-
O que tu pensa que é, Chico Mendes?
-
Eu sou o guarda-costas do Jacques.
-
Que guarda-costas coisa nenhuma. Pelo que vejo, tu é o guarda-dinheiro do
Jacques.
-
Também!!! – finalizou Chico Mendes, munido de uma “lambe-sangue”, 12 polegadas,
niquelada, que proporcionou relativa economia ao carismático político
massapeense, em face das várias tentativas de abordagens que restaram infrutíferas,
pois que, ao final daquele ato coletivo de amor ao próximo, foi merecidamente
recompensado pelo político com graúda cédula de Real, rateada na mais próxima
“bodega de ponta-de-rua” (é o novo!).
Do
livro: Histórias & Causos com Casos & Estórias de Massapê (pág. 443) - Autor:
Ferreirinha.
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