Nenhum governo foi tão contestado, por tantos, em tão pouco tempo quanto
este. Não só os que foram desalojados do poder e seus simpatizantes estão
revoltados com o rumo que o presidente provisório Michel Temer está imprimindo,
mas até mesmo aqueles que o apoiaram até anteontem não conseguem mais ficar
calados ou indiferentes.
O primeiro erro de Temer foi ter se deslumbrado com os inesperados 55
votos de senadores pró-impeachment, o que lhe deu – e aos seus correligionários
– a ilusão de que já tinham os 2/3 que serão necessários depois do julgamento
do processo e acharam que podiam fazer o que bem quisessem. No entanto, o
primeiro erro foi justamente esse.
Em vez de se comportarem como governantes provisórios, os golpistas se
arrogaram em governantes definitivos, passando a desmontar a máquina do estado
de forma avassaladora, a pretexto de "economizar", mas, na verdade,
criando o caos na máquina administrativa, com a eliminação de ministérios sociais,
fusão de dois ministérios incompatíveis cuja consequência inevitável será
enfraquecer ambos em mais de uma situação, o que vai acarretar enormes
prejuízos, pois esse governo, de acordo com a constituição tem prazo de
validade de seis meses e, se não tiver os votos para continuar terá de
abandonar o poder e o governo Dilma vai ter que demolir essa configuração
esdrúxula a custo muito maior do que a suposta "economia" de
transformar 37 ministérios em 22.
Funcionários do ministério da Cultura receberam o novo ministro com
cartazes de protesto; as ruas começam a ficar lotadas de manifestantes
inconformados; o chefe da Fiesp, pai do pato amarelo não sabe como vai explicar
a volta da CPMF, já acenada pelo novo ministro da Fazenda, pois esse era o
maior inimigo do pato amarelo e que também complica a vida de Paulinho da
Força, o mais fiel componente da tropa de choque de Eduardo Cunha; a primeira
entrevista de Temer ao portavoz oficial do golpe, a Rede Globo foi recebida com
panelaços, mas a crítica mais contundente partiu daquele que deu credibilidade
ao "impeachment", daquele que era usado como escudo pelos golpistas,
daquele de quem a toda hora se dizia "o impeachment não partiu da
oposição, mas de um fundador do PT". Pois esse senhor, chamado Hélio Bicudo,
que em outras épocas desmascarou Adhemar de Barros, que assaltava o governo de
São Paulo quando não havia órgãos de controle nem imprensa vigilante, não se
furtou a reconhecer, na primeira hora, o teor do novo governo ao classificá-lo
de "cleptocracia", o mesmo que pode ser aplicado ao ex-governador
paulista.
brasil 247, via SGA NOTÍCIAS
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