Inicialmente nos bastidores da Copa do Mundo, mas de forma cada vez mais declarada nos
últimos dias, o comando da seleção brasileira trava uma espécie de guerra fria
com a Fifa. Da comissão técnica brasileira partem seguidas tentativas de
confrontar a entidade, seja através de reclamações contra a arbitragem, seja em
pequenos gestos. O mais recente acontecerá nesta segunda-feira. Na entrevista
coletiva oficial da véspera de jogo, há a obrigação da presença do treinador e
de um jogador. O Brasil enviará, para acompanhar Felipão, o zagueiro Thiago
Silva, que está suspenso e não vai jogar.
A
seleção vai treinar na Granja Comary, em Teresópolis, por opção de logística da
seleção. A CBF pediu à Fifa autorização para realizar a entrevista oficial na
cidade serrana. A entidade não autorizou, mantendo um critério usado em todos os
jogos da Copa do Mundo. As entrevistas acontecem no estádio para permitir
acesso a jornalistas de todos os países presentes.
COMISSÃO
ACREDITA EM COMPLÔ
Mas
a represália não é somente à negativa de mudar o local da entrevista pré-jogo.
É, na verdade, uma tentativa de desprestigiar um evento organizado pela Fifa. O
comando da seleção diz, frequentemente, estar convencido de que há “um complô”
para evitar que o Brasil seja campeão. E usa estratégias para disseminar tal
informação na opinião pública. Por exemplo, quando convocou jornalistas para
uma conversa em Teresópolis, Felipão, ao lado do coordenador técnico, Carlos
Alberto Parreira, e do auxiliar, Flávio Murtosa, bateu insistentemente nesta
tecla. Queria que a imprensa seguisse o discurso e ampliasse o debate.
“Só
o Brasil é obrigado a tudo”, reclamam membros da comissão técnica ao comentarem
a obrigação de ir ao Mineirão fazer a entrevista. No entanto, a França lidou
com o mesmo problema antes de enfrentar o Equador, no Maracanã. Na ocasião,
treinou no Engenhão. E adotou retaliação semelhante à do Brasil. O técnico
Didier Deschamps levou para a entrevista o meia Cabaye, que estava suspenso.
Tal
mobilização entre os brasileiros, curiosamente, começou dias depois de a
seleção ter um pênalti inexistente marcado a seu favor, na estreia contra a
Croácia. Na ocasião, a imprensa internacional relatou reclamações de diversas
seleções de um suposto favorecimento aos donos da casa. Na segunda rodada,
Felipão protestou contra a arbitragem de Brasil x México que, para ele, ignorou
pênalti em Marcelo.
—
Não tem mais pênalti contra o Brasil? Vocês só reclamam do Fred... — disse o
treinador brasileiro, na ocasião.
SEM
FALTAS PARA O BRASIL
Depois,
passou a citar constantemente erros favorecendo outras seleções. Para
completar, toda a comissão técnica reclamou insistentemente durante toda a
partida com o Chile, nas oitavas de final. No jogo, um gol de Hulk foi anulado,
e o atacante ainda reclamou de um pênalti, o que aumentou a insatisfação da
comissão técnica brasileira. O técnico chegou a conversar com jornalistas sobre
os erros de arbitragem que estariam prejudicando a seleção brasileira.
Na
última sexta-feira, a grave lesão de Neymar, em lance sem punição por cartão
amarelo ao colombiano Zuñiga, foi alvo de novo protesto.
—
Parece que só os jogadores de outras seleções recebem entrada dura — disse
Felipão, em referência às seguidas faltas sobre Neymar, antes mesmo de saber da
fratura na terceira vértebra lombar, que afastou da Copa o principal jogador da
seleção.
O
Globo
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