A busca por acordo entre os grupos de Aécio e Serra varou a noite. A disputa interna entre os dois passa pelo papel de Tasso na sigla.
A véspera da primeira reunião nacional do PSDB desde a derrota presidencial de 2010 foi de intensa articulação política em busca de acordo entre as duas principais forças do partido: o senador Aécio Neves e o ex-governador de São Paulo, José Serra. O pano de fundo da disputa é a escolha para a presidência do Instituto Teotônio Vilela (ITV), responsável por estudos e pesquisas da sigla. Aécio defende o nome do cearense Tasso Jereissati, enquanto Serra tenta emplacar a si próprio. A decisão deverá ocorrer hoje, em Brasília, durante a convenção nacional tucana.
A vaga na chefia do ITV divide a sigla entre setores que buscam se cacifar internamente na disputa pelo Palácio do Planalto em 2014, já que Serra e Aécio são aspirantes ao título de próximo candidato do PSDB à Presidência da República.
Tanto o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, que deverá ser reconduzido ao cargo, quanto Aécio não querem Serra no ITV por avaliarem que poderá ser criada no partido uma “presidência paralela”. Ontem, por volta das 14 horas, os dois grupos deram início a movimentação nos bastidores em busca de consenso. As reuniões se estenderam pela noite. Até as 21 horas, entretanto, a situação ainda estava em aberto.
O presidente do PSDB no Ceará, Marcos Cals, que está em Brasília, explicou que, caso não haja acordo, o grupo de Serra pode formar chapa para enfrentar Sérgio Guerra na convenção de hoje e, assim, ter a chance de subir ao topo do ITV. O ex-governador de São Paulo teria se mostrado indignado com o “veto” a seu nome para presidir o Instituto e ameaçou explicitar o racha boicotando a convenção. Nos bastidores, tentava-se convencê-lo a ficar com a presidência de um conselho político.
Com autonomia financeira para gerenciar, este ano, orçamento próprio de R$ 6,2 milhões, o ITV é uma espécie de “cérebro” do PSDB nacional, onde é formulado o conteúdo programático adotado pela executivas. É no Instituto que economistas, sociólogos e outros especialistas planejam programas sociais, diretrizes financeiras, discurso da militância. “No momento em que o partido precisa reformular suas propostas, o ITV ganha importância. Hoje nosso programa está totalmente defasado”, explicou o deputado federal cearense Raimundo Gomes de Matos.
Segundo ele, um dos temores é de que, uma vez indicado para chefiar o posto, Serra dê menos importância que Tasso a questões referentes ao Nordeste, por exemplo. “Tem ainda o fato de ele circular por todas as camadas, desde as mais populares até empresários”, argumentou o deputado, sem mencionar os interesses políticos por trás da disputa. (com agências)
A relação de Tasso e Serra não é das melhores desde que o ex-governador paulista derrotou o cearense na disputa pelo direito de se candidatar à sucessão do então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.
Com informações do jornalista Érico Firmo
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