COSTELETA & CAVANHAQUE
Em 1964, o jovem Francisco Lopes de Aguiar Neto – popular Chico Lopes,
que nem imaginava conquistar a patente de soldado raso, imagine a de “coronel”,
com 29 anos de idade, adotou um estilo visual um tanto quanto não convencional,
no que diz respeito ao coro cabeludo facial, apresentando em demasiado, bigode,
costeleta e cavanhaque, influenciado pelo estilo irreverente do saudoso cantor
Raul Seixas, da qual era admirador, pois, gostava das suas melodias,
notadamente “Maluco Beleza”. Amante da boa música, e de mulheres bonitas
também, Chico Lopes por toda a sua vida, foi um boêmio incorrigível, daqueles
de carteirinha. Conquistou várias namoradas, todas elegantes e inteligentes,
requintadas e chiques, dignas de serem apresentadas como modelo, mas fugia do casamento
assim como o diabo foge da cruz. Morreu novo (28/09/1989), mas viveu muito. Em
meados dos anos sessenta, o futuro prefeito que administrou Massapê por duas
legislaturas (1967-1971 e 1973-1976), sucedendo, respectivamente, Beto Lira e o
doutor Miguel Eneas, acompanhado de dois amigos (farristas e beberrões
contumazes), por volta das 8h da manhã transitava pela calçada da rua Senador
Pompeu, no centro de Fortaleza, passando defronte ao tradicional e
frequentadíssimo cabaré “Barba Azul”, ocasião que vararam noite festiva no
Clube dos Massapeenses (é o novo?) na avenida Beira-Mar, ele, na qualidade de
paraninfo de uma turma de formandos. Vestido a caráter, com um terno preto
impecável, e ainda sob o efeito etílico de um bom uísque escocês, “O Galã do Arraial”
foi abordado por uma atraente mulher, mísera na forma de se vestir, que
gentilmente segurou sua mão e assim se dirigiu:
- E aí Maluco Beleza, vamos??? Eu
faço barba, cabelo e bigode!!!
Chico Lopes, diga-se de passagem, era muito exigente, e que só tinha
gosto por mulheres requintadíssimas, para não ser indelicado com a prostituta,
se fingiu de bobo, e apesar de não ter freqüentado com mais apuro os bancos
escolares, saiu pela tangente com maestria diplomática, passando a mão no rosto
e respondendo: Muito obrigado, minha senhora. Nem barba, nem cabelo e nem
bigode. Eu preciso mesmo é fazer apenas e tão somente, costela e cavanhaque lá
no Salão Cometa, no Beco de Cotevelo, em Sobral.
É que a sua mais nova estética, não foi aprovada pelas formandas, com as
quais compartilhou alguns passos de valsa naquela noite inesquecível, noite de
gala.
Fonte fotográfica: Dona Izabel Aguiar.
Do livro: Coronel Chico Lopes – Vida & Obra – Autor Ferreirinha
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