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26 de junho de 2014

"MANDA QUEM PODE, OBEDECE QUEM TEM JUÍZO"

Raimundo Nonato Ribeiro, de alcunha Cabatão, em 1979 foi convidado pelo seu amigo Ferreirinha para trabalhar no posto da Teleceará, exercendo a função de contínuo. Eram três turnos para três telefonistas (Ferreirinha, Babim e Antonio Carvalho), de modo que, o experiente e responsável funcionário tirava as folgas dos demais colegas de trabalho. Tido por invocado, Cabatão, ou melhor, Nonato Ribeiro, não gosta de ser chamado pelo apelido, se irritando quando assim é tratado. O chefe de escritório da Teleceará – Ferreirinha, agendou uma reunião com o então prefeito João Alberto Siqueira Campos, popular Beto Lira (1964-1967 e 1977-1982), de saudosa memória, para pôr ordens no local de trabalho e moralizar o atendimento ao público que, diga-se de passagem, estava uma bagunça. É que alguns clientes não gostavam de ser atendidos na cabine telefônica, tendo em vista, a falta de ventilação e que não dispunha de cadeira, de modo que, abriam a porta e adentravam a sala restrita aos funcionários, atrapalhando os afazeres do telefonista. O ilustre prefeito deu carta branca, dizendo que todos, sem exceção, inclusive ele próprio, a partir daquela data, deverão atender as chamadas telefônicas na cabine. Um aviso foi afixado na parede e uma semana após, Beto Lira, às pressas, se dirige ao posto telefônico para atender um telefonema urgente do governador do Ceará, o coronel Virgílio Távora (1979 a 1982). De plantão naquele expediente, tirando folga do Babim, o contínuo Nonato Ribeiro. De repente o prefeito adentra ao estabelecimento e tenta abrir o ferrolho da porta que dá acesso aos telefonistas. Vejam só no que deu:

- Abre esse porta, Cabatão!
- Eu não abro não! Ordem é ordem. Na reunião da semana passada, o senhor mesmo disse que aqui não é pra entrar nem o prefeito!
- Abre essa porra, Cabatão!
- Não abro essa porra, não! 
- Tu não vai abrir essa porta não, Cabatão? – insistiu, nervoso, o prefeito.
- Vou não!
- Pois Cabatão, eu vou preparar a tua demissão!
- Seu Beto, em primeiro lugar o senhor me respeite. Meu nome é Raimundo Nonato Ribeiro, e em segundo lugar, pode me mandar embora, mas ordem é ordem, manda quem pode, obedece quem tem juízo. Eu não abro não e ponto final!
O ilustre prefeito perdeu o decoro e, com um só chute arrebentou a porta para atender aquela urgente ligação. O exemplar e obediente funcionário, felizmente não foi demitido, pois agiu no estrito cumprimento do dever profissional.
Do livro: Estórias & Casos com Causos & Histórias de Massapê – autor: Ferreirinha.

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