Raimundo
Nonato Ribeiro, de alcunha Cabatão, em 1979 foi convidado pelo seu amigo
Ferreirinha para trabalhar no posto da Teleceará, exercendo a função de contínuo.
Eram três turnos para três telefonistas (Ferreirinha, Babim e Antonio
Carvalho), de modo que, o experiente e responsável funcionário tirava as folgas
dos demais colegas de trabalho. Tido por invocado, Cabatão, ou melhor, Nonato
Ribeiro, não gosta de ser chamado pelo apelido, se irritando quando assim é
tratado. O chefe de escritório da Teleceará – Ferreirinha, agendou uma reunião
com o então prefeito João Alberto Siqueira Campos, popular Beto Lira (1964-1967
e 1977-1982), de saudosa memória, para pôr ordens no local de trabalho e
moralizar o atendimento ao público que, diga-se de passagem, estava uma
bagunça. É que alguns clientes não gostavam de ser atendidos na cabine
telefônica, tendo em vista, a falta de ventilação e que não dispunha de cadeira,
de modo que, abriam a porta e adentravam a sala restrita aos funcionários,
atrapalhando os afazeres do telefonista. O ilustre prefeito deu carta branca,
dizendo que todos, sem exceção, inclusive ele próprio, a partir daquela data,
deverão atender as chamadas telefônicas na cabine. Um aviso foi afixado na
parede e uma semana após, Beto Lira, às pressas, se dirige ao posto telefônico
para atender um telefonema urgente do governador do Ceará, o coronel Virgílio
Távora (1979 a 1982). De plantão naquele expediente, tirando folga do Babim, o
contínuo Nonato Ribeiro. De repente o prefeito adentra ao estabelecimento e
tenta abrir o ferrolho da porta que dá acesso aos telefonistas. Vejam só no que
deu:
- Abre esse porta, Cabatão!
- Eu não abro não! Ordem é ordem. Na reunião da semana
passada, o senhor mesmo disse que aqui não é pra entrar nem o prefeito!
- Abre essa porra, Cabatão!
- Não abro essa porra, não!
- Tu não vai abrir essa porta não, Cabatão? – insistiu,
nervoso, o prefeito.
- Vou não!
- Pois Cabatão, eu vou preparar a tua demissão!
- Seu Beto, em primeiro lugar o senhor me respeite. Meu
nome é Raimundo Nonato Ribeiro, e em segundo lugar, pode me mandar embora, mas
ordem é ordem, manda quem pode, obedece quem tem juízo. Eu não abro não e ponto
final!
O
ilustre prefeito perdeu o decoro e, com um só chute arrebentou a porta para
atender aquela urgente ligação. O exemplar e obediente funcionário, felizmente
não foi demitido, pois agiu no estrito cumprimento do dever profissional.
Do
livro: Estórias & Casos com Causos & Histórias de Massapê – autor:
Ferreirinha.
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