03/02 - O
governador Camilo Santana (PT) disse ontem, na solenidade de abertura dos
trabalhos do último ano de mandato dos deputados estaduais na atual
Legislatura, que o "Ceará vencerá o crime". Em dois momentos de seu
discurso de aproximadamente uma hora, Camilo falou sobre questões da Segurança
Pública no Estado, reclamando, em determinado momento, dos "discursos
oportunistas e politiqueiros" sobre os últimos homicídios registrados no
Ceará.
Depois
de seu discurso na Assembleia, o governador recepcionou a maioria dos deputados
com um almoço no Palácio da Abolição. Só os parlamentares oposicionistas não
participaram do encontro. Antes, no pronunciamento na sede do Legislativo, ele
frisou que o Ceará é o Estado do País que "mais investiu" no combate
à violência.
Negando
que queira atribuir culpa ao Governo Federal pelos problemas enfrentados no
Estado em relação à Segurança Pública, o chefe do Executivo Estadual afirmou,
no entanto, que seguirá fazendo críticas ao "comportamento inerte" da
União em relação ao crime organizado no Brasil. Em resposta às cobranças de
deputados da oposição sobre o resultado de suas ações, Camilo pregou, ainda,
união e condenou "discursos oportunistas e politiqueiros". Para
minimizá-los, ele enfatizou conquistas obtidas na área da Educação.
Como
ocorre todos os anos, antes de dar início ao ano legislativo, o governador
subiu à tribuna da Assembleia, na manhã de ontem, para ler a Mensagem
Governamental, quando fez um balanço da gestão em 2017 e apresentou projetos
previstos para 2018. Camilo começou o discurso comemorando avanços na bandeira
principal de seu governo, a Educação. Para ele, uma das medidas mais
importantes para a prevenção da violência entre os jovens é o programa de
escolas em tempo integral.
Camilo
fez questão de lembrar que não havia nenhuma unidade com tal perfil quando
assumiu o governo, em 2014, e citou que, até o fim deste ano, o Estado chegará
a um total de 228 escolas nesta modalidade de ensino, representando 32% das
escolas cearenses. O governador considerou também ter havido um
"fortalecimento da carreira do magistério", com a convocação de novos
professores efetivos e a nomeação de servidores para cargos administrativos nas
universidades estaduais.
Já
na área da Saúde, o governador negou que tenha diminuído os recursos para
custeio e disse que investiu, no ano passado, R$ 150 milhões a mais do que em
2016, colocando em funcionamento o Hospital da Região do Sertão Central e dando
ordem de serviço para a construção do Hospital do Vale do Jaguaribe. Segundo
ele, uma das apostas "ousadas" na área, neste ano, será "zerar
as filas de cirurgia no Estado", a partir de convênios com hospitais
privados. O projeto de lei tratando do assunto foi um dos últimos de autoria do
Poder Executivo a serem aprovados pela Assembleia, em dezembro passado, antes
do início do recesso parlamentar.
Ao
falar sobre Segurança, que vem se mostrando o calcanhar de Aquiles de sua
gestão - de acordo com dados do Governo do Estado, desde o dia primeiro de
janeiro até o último dia 29, já foram registrados, pelo menos, 440 homicídios
-, Camilo reconheceu que "temos um grave problema" e voltou a criticar
a "inércia" do Governo Federal no combate à violência. O petista
negou que queira jogar a culpa na União pela crise enfrentada no Ceará, muito
menos por um partido que faz oposição ao seu estar no comando do Palácio do
Planalto, mas ele cobrou um Plano Nacional de Segurança e mais verbas federais.
"Disse
isso na frente do presidente (Michel Temer): estamos pagando um preço muito
alto pela falta de um planejamento no Brasil. O País não tem um Plano de
Segurança, não recebi um centavo para a Secretaria de Segurança Pública nesses
três anos do governo. Desafio quem prove que recebi um centavo para a Segurança
no meu Estado. Recebi, sim, recursos para o Fundo Penitenciário, mas precisei
entrar na Justiça", reclamou.
O
governador teve reunião com o presidente na última terça-feira (30), dois dias
após a maior chacina da história do Ceará, em que 14 pessoas foram mortas em
uma casa de forró no bairro Cajazeiras, em Fortaleza, na madrugada do último
sábado (27). A ação teria sido ordenada por uma fação criminosa.
Camilo
destacou que, no ano passado, foram formados quase 2.800 novos policiais
militares no Ceará e outros 1.400 estão em treinamento. Quanto à Polícia
investigativa, uma das principais queixas de seus opositores, o governador
disse que 730 policiais civis foram convocados em 2017 e outros 660 estão em
formação na Academia Estadual de Segurança Pública, o que, de acordo com ele,
deve reforçar em 50% o efetivo da Polícia judiciária no Ceará. Além disso, o
governador destacou a equiparação salarial dos policiais cearenses à média
remuneratória do Nordeste e a aquisição de novas viaturas e equipamentos.
Sobre
a cobrança por um Plano Estadual de Segurança Pública, o chefe do Executivo
Estadual disse pela primeira vez, na Assembleia, que criou um para o Estado,
"inédito no País". O documento é, segundo ele, composto por três
volumes e foi elaborado em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança
Pública. Camilo disse que entregou o Plano a cada um dos parlamentares e
ressaltou que o material está à disposição de qualquer cidadão no site do
governo.
"O
primeiro volume mostra as experiências que deram resultado no Brasil e fora do
País. O segundo volume faz uma análise do problema no Ceará, e o terceiro
mostra quais são nossas metas, com prazos determinados para fortalecer a
Polícia Civil, a prevenção", explicou.
Ao
apresentar as ações na área, Camilo Santana sustentou que o Ceará é o Estado
que mais investiu em Segurança Pública no País no ano passado e afirmou que
está sempre aberto a ouvir sugestões, criticando os "oportunistas de
plantão, que querem se aproveitar da desgraça ou torcer pelo quanto pior,
melhor".
Ao
contrário, o governador pregou que "o momento é para se unir",
principalmente depois das duas chacinas ocorridas em um intervalo de menos de
uma semana no Estado. Dois dias após a Chacina das Cajazeiras, uma rebelião na
Cadeia Pública de Itapajé, fruto de confronto entre facções criminosas,
terminou com dez detentos mortos e ao menos oito feridos.
"Não
vamos alcançar isso (resultados) com a varinha mágica. Essa discussão deve ser
séria, desapaixonada e, principalmente, longe do discurso oportunista e
politiqueiro que não quer a solução dos problemas. Eu desafio um Estado que
investiu mais em Segurança do que o Ceará, que foi buscar os melhores
especialistas na área para discutir o assunto, porque é igual a time de
futebol, todo mundo agora quer ser técnico", ironizou.
O
governador também fez um balanço das suas ações na área de recursos hídricos,
destacando a construção de quase 1.500 poços profundos somente em 2017, além de
mencionar obras como o Cinturão das Águas, que deve receber as águas da
Transposição do Rio São Francisco após a conclusão das obras do Eixo Norte, que
inclui o Ceará.
O
programa "Ceará de Ponta a Ponta", que visa revitalizar e duplicar
rodovias no Estado, também ganhou ênfase no discurso de Camilo, juntamente com
outras obras de infraestrutura, como a construção da Linha Sul do Metrô de
Fortaleza e do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT). Isso só foi possível, segundo
o governador, graças à capacidade de investimento do Estado, consolidada no ano
passado. De acordo com o governo, o Ceará investiu 13,9% da Receita, sendo a
maior proporção do País nesse quesito.
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