10/02 - Se
por um lado ter um arco de aliança com 23 partidos garante apoio
ao governador Camilo Santana (PT) na hora de aprovar projetos no
Legislativo, por outro, requer dele ainda mais diálogo para manter
tantos aliados na base do Governo.
Após
a definição do primeiro escalão e da Mesa Diretora da Assembleia
Legislativa, governistas estão na "fila" da base, aguardando serem
chamados ao Palácio da Abolição, para reivindicar espaços na máquina
pública.
Enquanto
isso, na correlação de forças dentro do grupo governista, o PDT, liderado pelos
irmãos Cid
e Ciro Gomes, e o PT, partido do governador, ganharam musculatura no início
desta segunda gestão de Camilo. Basta ver a composição do secretariado, que
envolveu indicações técnicas, mas também políticas.
Esse
xadrez, entretanto, não foi fácil de montar. Camilo enfrentou o desafio de
conciliar os interesses de muitos aliados com uma administração pública mais
enxuta.
Isso
porque, no fim do ano passado, o governador reduziu de 27 para 21 o número
de secretarias e extinguiu quase mil cargos. E as pastas de maior
peso foram alvo de disputas de indicações entre as siglas.
A Secretaria
das Cidades foi uma das mais cobiçadas. Tanto o PDT como o MDB, comandado
no Estado pelo ex-senador Eunício Oliveira, disputaram indicações de quadros
para o cargo.
No
fim das contas, o deputado pedetista Zezinho
Albuquerque foi escolhido o novo secretário. Aliás, o ex-deputado Marcos
Cals, filiado ao Solidariedade, está aguardando ser nomeado pelo
governador secretário executivo de obras.
Planejamento
Além
do novo secretário das Cidades, é do PDT o secretário de Planejamento e Gestão, Mauro
Filho. Ex-titular da Secretaria da Fazenda de 2007 a 2018, ele é economista e
foi eleito deputado federal.
O
PDT conquistou também a presidência da Assembleia Legislativa, neste ano,
com a eleição do deputado José Sarto, e o cargo de primeiro-secretário da
Mesa Diretora, ocupado por Evandro Leitão.
Ainda
no primeiro escalão, o controlador e ouvidor-geral do Estado, Aloísio
Carvalho, foi um nome chancelado pelo MDB. Ele já tinha ocupado a função antes
e foi secretário de Finanças de Fortaleza.
O
partido também apresentou o nome do administrador Rogério Pinheiro para o
cargo de secretário de Esporte e Juventude. Ele já atuou na Pasta antes. Na
disputa pela Mesa Diretora da Assembleia, o deputado do MDB, Danniel
Oliveira, foi contemplado com a segunda vice-presidência da Casa.
O
PT, partido do governador, também manteve postos na administração estadual. No
segundo mandato, Camilo Santana deslocou o ex-secretário Nelson Martins da
chefia da Casa Civil para a Assessoria de Relações Institucionais, posto que é
responsável pela articulação política do Governo do Estado.
O
também petista Francisco de Assis Diniz permaneceu à frente da
Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), assim como Artur Bruno, no comando
da Secretaria Estadual do Meio Ambiente.
A
legenda petista indicou ainda Dedé Teixeira, ex-titular da SDA, para o
cargo de secretário-executivo de Recursos Hídricos, e o deputado Fernando
Santana como o primeiro vice-presidente da Assembleia.
Por
outro lado, o PP aguarda ser chamado por Camilo, de olho na indicação de
quadros para o segundo escalão. O deputado Leonardo Pinheiro,
quarto-secretário da Assembleia, admite que o partido já tem influência na
Secretaria das Cidades, uma vez que o presidente estadual do PP, deputado federal Antônio
José Albuquerque, é filho do titular da Pasta.
"Somos
cinco deputados estaduais, o PP tem perspectiva de crescimento e acreditamos
que iremos fazer maior participação no governo", pontua.
O
PCdoB também está na fila. O partido garantiu lugar no primeiro escalão, com a
nomeação de Inácio Arruda para a Secretaria da Ciência, Tecnologia e
Educação Superior.
O
ex-deputado do partido, George Valentim, também foi nomeado diretor de
veículos do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
"O
Inácio era um nome que a própria comunidade acadêmica pedia e foi uma coisa
quase que natural essa indicação, mas não teve ainda outra conversa acerca
dessa participação", disse Luís Carlos Paes, presidente do PCdoB no Ceará.
O
deputado estadual Audic Mota, do PSB, por outro lado, reclama espaço.
"O partido não foi contemplado no Governo Camilo", cita.
Quem
também está insatisfeita com a falta de diálogo é a presidente do PR,
ex-deputada federal Gorete Pereira. Após perder a eleição de 2018, ela
disse que aguardaria uma definição do governador sobre seu futuro.
Procurada,
Gorete afirmou que o Governo lhe pediu que ficasse "tranquila". Nos
bastidores, o que se fala é que o governador poderia "puxar" algum
deputado federal para o secretariado, para ela assumir como suplente na Câmara.
(InforDN)
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