13/10 - Uma
agente de saúde de 36 anos relatou ter sido agredida fisicamente e xingada por
duas apoiadoras do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) nesta sexta-feira,
12/10, em Fortaleza.
De
acordo com ela (o blog Política não revela seu nome para preservar a vítima),
duas mulheres a atacaram durante uma festa do Dia das Crianças num condomínio
no bairro Álvaro Weyne, por volta do meio-dia.
“Eu
estava com meus dois filhos (uma de sete e outro de cinco) no prédio onde mora
minha sobrinha. Tinha ido pra festa das crianças. Estava todo mundo no deck”,
ela conta.
“Lá,
eu gravei um áudio no Whatsapp para uma amiga sobre essas falas do Bolsonaro
dizendo que nós, agentes de saúde, somos dispensáveis e que a gente ia perder
nosso emprego.”
De
acordo com a agente, que exerce a profissão há nove anos e trabalha num posto
da capital cearense, duas pessoas que seriam moradoras do prédio ouviram a
conversa e começaram a ofendê-la.
“Quando
terminei de mandar o áudio, uma delas me pediu provas do que eu estava falando
sobre o Bolsonaro. Eu respondi que não precisava provar nada pra elas”, narra.
“Elas
ficaram xingando o Lula, dizendo que ele era como um traficante, que roubava
mas não tinha nada no nome dele. Eu reagi criticando o Bolsonaro.”
Segundo
a vítima, foi aí que as duas mulheres passaram a atacá-la. “Me chamaram de
bicha preta e negra imunda e sem-vergonha”, conta.
“Diziam
assim: ‘Vai ver que nem funcionária publica é’. E ainda falaram coisas de baixo
calão mesmo, do tipo: ‘Isso aí é falta de rola’, e coisa ainda pior.”
Ela
acrescenta que foi agredida no momento em que deu as costas às moradoras para
buscar os filhos na piscina do edifício e ir embora.
A
agente afirma que foi derrubada no chão pelas mulheres, que lhe deram socos e
arranharam o seu rosto. Uma delas chegou a morder a sua perna (foto acima).
“Ainda
escutei minha filha gritando. A minha filha pedindo pra elas me soltarem”, ela
chora no telefone. “Olhei pro lado e ela estava desesperada.”
A
vítima deu entrada em boletim de ocorrência no 7º Distrito Policial, no bairro
Pirambu. O caso foi registrado como “lesão corporal dolosa”. O caso se tornou
público depois que amigos da agente postaram fotos das marcas das agressões nas
redes sociais.
Na
guia policial destinada à Perícia Forense que subsidia o exame de corpo de
delito, o delegado fez uma observação: “Foi agredida fisicamente por
simpatizantes de Bolsonaro por conta de uma divergência política”.
Nas
últimas semanas, as agressões físicas com motivação política têm se
multiplicado no País.
Levantamento
da Agência Pública divulgado na quarta-feira, 10, mostra que, nos últimos dez
dias, foram 50 ataques com esse teor, a maior parte deles praticada por
eleitores de Bolsonaro.
Na
segunda-feira passada, um mestre de capoeira foi asssassinado na Bahia com 12
facadas, após discutir com apoiadores do presidenciável do PSL.
No
Recife, uma mulher que trabalha na Fubdação Joaquim Nabuco foi espancada por
espancada por simpatizantes do candidato.
Relatos
de hostilidades contra jornalistas aumentam na mesma proporção.
A
Agência Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) contabiliza até agora
pelo menos 130 casos de ataques contra profissionais de imprensa em contexto eleitoral.
O Povo
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