12/05 - Nunca
um ocupante da presidência da República foi tão rejeitado pelos brasileiros
como Michel Temer, que traiu e usurpou o cargo da presidente legítima Dilma
Rousseff.
Numa
escala de zero a 200 pontos do Datafolha, Temer marca apenas 25. Por esse mesmo
critério, o mais popular de todos os tempos é o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, que vem sendo mantido como preso político para não disputar as
eleições presidenciais de 2018.
"Dilma
teve 136 no 1º mandato e 33 no segundo. Luiz Inácio Lula da Silva atingiu os
melhores resultados em suas duas gestões: 139 na primeira e 183 na segunda.
Fernando Henrique Cardoso teve avaliação média positiva no seu primeiro mandato
(134) e negativa no segundo (81). Itamar Franco obteve 105 e Collor, 78",
informa a pesquisa.
Em
dois anos, Temer destruiu direitos trabalhistas, produziu desemprego recorde e
o maior rombo fiscal da história do Brasil, se viu envolvido nos maiores
escândalos de corrupção já vistos no País e, de quebra, entregou de bandeja
riquezas nacionais – com tudo isso, fez que o Brasil, antes respeitado, se
tornasse um pária internacional.
Temer
já foi denunciado como corrupto e chefe de quadrilha, mas conseguiu escapar
comprando votos de parlamentares. Uma terceira denúncia, por propinas nos
portos, pode ser apresentada ainda antes do fim do mandato que ele roubou da
presidente Dilma Rousseff.
Abaixo, balanço da Reuters sobre o marasmo de Temer:
Michel
Temer completa dois anos à frente da Presidência da República no sábado e,
embora tenha iniciado seu governo com a promessa de promover grandes reformas e
com demonstrações de forte apoio do Congresso Nacional, chega aos últimos meses
em clima de marasmo, à espera de um encerramento sem surpresas desagradáveis ou
grandes sobressaltos.
Se o
começo da gestão foi marcado por vitórias visíveis —como a aprovação no
Congresso da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que instituiu um teto para
os gastos públicos—, as denúncias contra o presidente e, mais recentemente, a
proximidade das eleições reduziram drasticamente a força do governo e
consequentemente o ritmo de adoção de novas medidas.
O
vazamento de diálogo com o empresário Joesley Batista, um dos donos da J&F,
holding que controla a JBS, e as posteriores denúncias criminais contra si,
obrigou Temer a lutar por sua sobrevivência no cargo e a gastar boa parte do
capital político que dispunha —inclusive emendas parlamentares— para garantir
isso.
“O
presidente Temer assumiu com um grande peso parlamentar, mas o que se viu é que
era um gigante com os pés de barro”, disse à Reuters o líder do PCdoB na
Câmara, deputado Orlando Silva (SP).
O
líder, que faz oposição ao governo, explica que atualmente dois fatores
contribuem para a fragilidade política do governo: a baixíssima popularidade
—“os parlamentares vêm o governo como uma espécie de portador de uma doença
contagiosa”, avalia Orlando— e a impossibilidade fiscal de negociar grandes
projetos com os parlamentares.
“A
política de austeridade que o governo implementou estrangula o orçamento
público e inviabiliza a manutenção de um padrão de atendimento às demandas dos
parlamentares que se viu no começo do governo”, disse.
“Isso
fez desmoronar o gigante que aparecia após o impeachment e demonstrou que ele
tinha pés de barro.”
Há
quem diga, no entanto, que ainda que reduzida, há base para votar projetos que
não exijam quórum qualificado para sua aprovação. Um desses projetos,
inclusive, trata da privatização da Eletrobras.
Para
um importante líder da base, que reconhece a redução de potência do governo no
Congresso, há interesse de parlamentares —e do próprio presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ)— de tocar uma agenda de votações na Casa menos complexa
nas últimas seis semanas de trabalho que restam antes do recesso do
Legislativo.
Dentre
essas propostas, além do projeto relacionado à Eletrobras, está a finalização
da votação do chamado cadastro positivo, a regulamentação do distrato, e
medidas provisórias, como a MP 811, que autoriza a venda direta de petróleo da
União nos contratos do pré-sal. O polêmico projeto da reoneração da folha de
pagamento de alguns setores da economia, no entanto, tem grandes chances de não
chegar ao plenário antes do recesso.
Essa
liderança admite a percepção de que o governo encontra-se em compasso de
espera, aguardando o seu fim, e sem a intenção de promover grandes esforços, de
forma a evitar qualquer desgaste adicional.
“O
governo ainda tem uma maioria no Congresso, mas não a base que já teve no
passado. Dá para votar algumas medidas ainda”, disse o líder, que preferiu não
ser identificado.
A
opinião de que ainda há espaço para algumas pequenas vitórias, ao menos no
Congresso, é compartilhada pelo ministro da Secretaria de Governo, Carlos
Marun, para quem nenhum outro governo “fez tanto em tão pouco tempo”.
“A
denúncia sem dúvida atrapalhou o governo e atrapalhou o país, mas aprendemos a
navegar em mares de tempestade”, disse à Reuters.
Segundo
o ministro, o governo já se “recuperou” e ainda há muito o que fazer.
“Até
o final do ano queremos aprovar a pauta de melhoria do ambiente econômico com o
cadastro positivo, etc, a capitalização da Eletrobras, a reoneração”, afirmou.
“O governo ainda tem muito o que entregar até o final do ano.”
CONQUISTAS E DERROTAS
No
cenário macroeconômico, uma das principais medidas implementadas pelo governo
Temer foi a criação do teto de gastos, que limita os desembolsos do governo
federal ao volume do ano anterior corrigido apenas pela inflação.
Prevista
para durar 20 anos e encarada como essencial para colocar as contas públicas em
ordem, já que país não registra superávit primário desde 2014. A medida
foi bastante comemorada pelos mercados financeiros.
Mas
a mudança acabou se transformando numa armadilha. Sem apoio político no
Congresso após as denúncias que atingiriam Temer em cheio, o governo não
conseguiu tirar do papel a reforma da Previdência, peça essencial nas
alterações fiscais pretendidas pelo governo, o que pode comprometer o teto de
gastos.
Se
nas contas públicas o desempenho não foi tão positivo, do lado da inflação foi
o contrário. O Banco Central, comandando por Ilan Goldfajn, conseguiu reduzir a
alta de preços para níveis recordes, bem como a taxa básica de juros, hoje em
6,50 por cento ao ano, depois de iniciar um ciclo de afrouxamento monetário em
outubro de 2016, quando a Selic estava em 14,25 por cento.
Nestes
dois anos, o país também saiu da maior recessão da sua história, entre 2015 e
2016, quando o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 7,8 por cento.
Ainda
assim, a atividade econômica ainda patina e não tem dado sinais de recuperação
mais consistente, em meio à falta de confiança generalizada e elevadas taxas de
desemprego, que atinge cerca de 13 milhões de pessoas, mesmo após a reforma
trabalhista, aprovada sob o argumento de que ajudaria na criação de empregos.
As
incertezas geradas pelas mudanças na legislação trabalhista —o Executivo chegou
a editar uma medida provisória para ajustar pontos da reforma demandados por
senadores, mas ela sequer chegou a ser analisada pelo Congresso e perdeu a
validade— criaram um ambiente de insegurança jurídica. O governo ainda avalia
que instrumentos pode usar para alterar pontos da reforma.
Em
outros setores houve mudanças positivas, como por exemplo na direção da agência
reguladora do setor de petróleo (ANP) e em questões regulatórias que
despertaram um maior apetite dos investidores globais, gerando bilhões de reais
em arrecadação para a União.
Após
uma licitação de áreas do pré-sal em outubro passado, que arrecadou apenas em
bônus de assinatura 6,15 bilhões de reais, sem contar o óleo lucro do governo
futuro, Temer declarou que a exploração das áreas geraria 130 bilhões de
dólares em royalties e outras fontes de arrecadação.
No
setor elétrico, as mudanças realizadas por uma equipe formada por técnicos
conceituados no Ministério de Minas e Energia colaboraram para aumentar o
interesse nos leilões de geração e transmissão no Brasil. Em dezembro do ano
passado, após dois anos sem licitações, o governo brasileiro conseguiu
contratar usinas solares e eólicas pelos menores preços já registrados no país.
Mas
o governo ainda encontra-se em xeque para aprovar propostas relacionadas ao
setor elétrico no Congresso, caso do processo de privatização da Eletrobras.
Um
acerto atribuído ao presidente no setor de energia foi a indicação de Pedro
Parente para a presidência-executiva da Petrobras, que conseguiu, entre outras
coisas, implementar uma metodologia de reajustes quase que diários aos preços
dos combustíveis, política celebrada pelo mercado.
Por
outro lado, houve pouco avanço em concessões públicas relacionadas a ferrovias
e a portos. No setor de aeroportos, por exemplo, o governo acabou por criar uma
confusão em Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, ao permitir o
retorno de voos para Pampulha, aeroporto localizado na capital mineira, caso
que acabou sendo judicializado.
Brasil
247
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