19/03 - Peço
perdão a todos os que estão sofrendo com a demora na liberação de comentários.
Desde ontem, alguma estranha coincidência decuplicou o número de
bolsonaristas na área de comentários e não tenho tempo físico de dar
conta de tudo.
Não sei se pelo comentário que fiz sobre a ameaça de destino inglório do Exército brasileiro ao correr o risco de ser posto às ordens de uma versão tupiniquim de um certo cabo da Bavária.
Ou de vestirem a carapuça, ofendido, por eu dizer que este sujeito comanda uma legião de imbecis na rede, porque eu teria dito “imbecis”com ódio.
Esclareço logo que não, que foi com piedade, por sua pouca capacidade de raciocinar e pela agressividade própria de quem não tem argumentos, apenas rosnares.
Sirvo-me da descrição do escritor Luiz Rufatto, no El País, para definir o que sejam:
O Dicionário Houaiss consigna imbecil como “aquele que denota inteligência curta, pouco juízo, idiota, tolo”. Não há outra palavra possível para descrever o grupo, pequeno é verdade, de pessoas que vão à rua para pedir a volta dos militares ao poder. Ignorantes os seguidores, obscurantistas as lideranças, uns e outros desejam impingir a imagem de que os 21 anos de ditadura foram um período de estabilidade política, econômica e social.
Não dizem que a cada sucessão brigavam entre si os vários setores das Forças Armadas para fazer prevalecer seus interesses – golpe de 1969 que guindou o general Garrastazu Médici ao poder; rebelião de militares linha dura contra o general Ernesto Geisel; pacote de Abril de 1977 que sufocou a oposição; rebelião de militares linha dura contra o general João Batista Figueiredo. Não dizem da crise que minou a economia brasileira e iria repercutir até o início do governo Fernando Henrique – a inflação média no período da ditadura era de 20% ao ano (contra 7,5% ao ano no período democrático), e ultrapassava os 200% ao ano quando devolveram o poder aos civis. Não dizem que a dívida externa chegou a 54% do Produto Interno Bruto – hoje não alcança 40%.
Não dizem que a corrupção grassava nas mais de 500 empresas estatais
existentes, que incluíam siderúrgicas, bancos, rádios, refinarias, etc. Não
dizem da censura aos meios de comunicação e nem da repressão
generalizada. Não dizem dos mortos e torturados nos porões das prisões.
Não dizem da destruição dos sistemas de educação e saúde. Não dizem da
ampliação do fosso entre ricos e pobres – o bolo do chamado milagre econômico
nunca foi repartido. Por isso, é emblemático um fato ocorrido na avenida
Paulista, durante as manifestações do 15 de março: uma jovem, cujo nome a
história não registrou, ficou pelada em cima de um carro de som em defesa da
volta dos militares… Um acontecimento que dispensa comentários.
Não vou me estressar, claro, com isso, mas isso fará com que a liberação dos comentaristas, até que cesse o furor,seja mais lenta. A caravana passará e eu, passarinho, para me servir dos versos de Quintana.
Por Fernando Brito
- 19/03/2018
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