18/03 - O
assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do seu motorista Anderson
Gomes, na noite de quarta, no Rio, trouxe à tona o aumento dos homicídios de
políticos e ativistas sociais no Brasil. Até agora, neste ano, pelo menos 12
lideranças foram mortas em situação de crime de mando no País – o dobro dos
casos no mesmo período em 2017. O número de ativistas executados nos últimos
cinco anos já chega a 194, sendo 20 apenas no Rio, segundo levantamento feito
pelo Estado.
A
principal linha de investigação da polícia é de que Marielle foi executada. A
direção dos tiros mostra que os assassinos sabiam exatamente onde ela estava
sentada no carro. Os bandidos fugiram sem levar nada.
Atuante
na defesa de mulheres, negros e homossexuais, ela também fez recentes denúncias
contra a violência policial. A última delas, no dia 10, foi contra o 41.º
Batalhão da Polícia Militar (Irajá), do Rio. Segundo informação que ela havia
recebido de moradores da favela do Acari, na zona norte, PMs haviam matado dois
jovens na comunidade. A corporação nega.
Ativistas
que atuam contra excessos de tropas legais e milícias na cidade ou no campo
sempre estiveram nas estatísticas. A novidade é que eles passaram a predominar,
nesta década, na lista de mortos ou marcados para morrer.
“Isso
mostra a falência do Estado, da institucionalidade brasileira, a partir do
momento em que pessoas estão sendo mortas por manifestar opiniões ou denunciar
mazelas em defesa de setores mais vulneráveis, como a corrupção, as
irregularidades em administrações ou a violência policial”, afirma o advogado
Ariel de Castro Alves, membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos de São
Paulo.
Se
confirmado que a morte de Marielle foi execução, ele vê a abertura de um
precedente. “Sabe-se que ativistas ou políticos mais vulneráveis são os do
interior, em áreas rurais, dominadas pela pistolagem ou por coronéis que mandam
na polícia, no Judiciário, no Executivo e no Legislativo”, diz Alves, ativista
há mais de 20 anos.
O Estado monitora assassinatos de
agentes políticos há cinco anos. O trabalho envolve acompanhar informações de
tribunais, cartórios, entidades de direitos humanos e acervos de Comissões
Parlamentares de Inquérito (CPIs).
Desde
a Lei da Anistia, em 1979, 1.345 pessoas foram mortas por motivações políticas
no País. No período, houve a execução de 38 agentes políticos do Rio, por causa
de suas atividades. Na soma, a cidade lidera o ranking de crimes por motivações
políticas.
informações jornal O Estado de S. Paulo,via Isto É
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