9 de fevereiro de 2018

INGENOL PODE COMBATER VÍRUS DA AIDS

09/02 - Uma droga criada a partir do avelós, uma planta africana encontrada no Norte e no Nordeste do Brasil, revelou-se eficaz no combate ao vírus HIV.

De uma “garrafada de ervas” – o composto popular encontrado em feiras livres no Norte e Nordeste, vendido em diversas misturas como cura para muitos males – saiu a droga que apresenta, até agora, os melhores resultados em testes contra o HIV. Estudos in vitro demonstraram que o ingenol, substância extraída da planta africana avelós (Euphorbia tirucalli), disseminada no Brasil, age nas células infectadas de forma a induzir a erradicação do vírus.

O próximo passo da pesquisa em andamento no laboratório paulista Kyolab, e em outros laboratórios no Brasil, na Alemanha e nos Estados Unidos, são os testes em macacos e cachorros. Se o mecanismo de ação do remédio observado em células isoladas se repetir em animais, o estágio seguinte será realizar experiências em humanos. A transição pode demorar a acontecer, já que o experimento em bichos costuma levar entre um ano e meio e dois. “Mas, se o produto se mostrar bom nos animais, podemos conseguir rapidez nos testes por ser uma droga de interesse mundial”, diz Luiz Pianowski, pesquisador à frente do projeto.

Durante a pesquisa sobre o tratamento do câncer, Pianowski descobriu que o ingenol interagia com uma enzima celular importante no ciclo do HIV e teve a ideia de testá-lo contra o vírus da Aids. Para isso, contatou o virologista Amílcar Tanuri, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “O Amílcar até brincou: ‘Poxa, a multinacional Merck Sharp já pesquisou mais de dois milhões de moléculas contra o HIV e você traz uma na mão achando que vai dar certo?”, conta Pianowski.
Acordando o vírus
A primeira ação do HIV no organismo humano é atacar as células do sistema imunológico, os linfócitos. Nesse primeiro momento de infecção aguda, o vírus agride as células de defesa, destruindo algumas e deixando o corpo vulnerável a outras doenças. Em seguida, invade essas células e se integra ao seu código genético. “Como ele se transforma em DNA, a célula não o reconhece mais como inimigo e ele passa a fazer parte do organismo. Por isso nosso sistema imune não consegue atacar o vírus. O HIV fica escondido nessas células latentes”, explica Pianowski.
Revista Planeta

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