09/02 - Uma droga criada a partir do avelós, uma planta africana encontrada no
Norte e no Nordeste do Brasil, revelou-se eficaz no combate ao vírus HIV.
De uma “garrafada de ervas” – o composto popular encontrado em feiras
livres no Norte e Nordeste, vendido em diversas misturas como cura para muitos
males – saiu a droga que apresenta, até agora, os melhores resultados em testes
contra o HIV. Estudos in vitro demonstraram que o ingenol, substância
extraída da planta africana avelós (Euphorbia tirucalli), disseminada no
Brasil, age nas células infectadas de forma a induzir a erradicação do vírus.
O próximo passo da pesquisa em andamento no laboratório paulista Kyolab,
e em outros laboratórios no Brasil, na Alemanha e nos Estados Unidos, são os
testes em macacos e cachorros. Se o mecanismo de ação do remédio observado em
células isoladas se repetir em animais, o estágio seguinte será realizar
experiências em humanos. A transição pode demorar a acontecer, já que o
experimento em bichos costuma levar entre um ano e meio e dois. “Mas, se o
produto se mostrar bom nos animais, podemos conseguir rapidez nos testes por
ser uma droga de interesse mundial”, diz Luiz Pianowski, pesquisador à frente
do projeto.
Durante a pesquisa sobre o tratamento do câncer, Pianowski descobriu que
o ingenol interagia com uma enzima celular importante no ciclo do HIV e teve a
ideia de testá-lo contra o vírus da Aids. Para isso, contatou o virologista
Amílcar Tanuri, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “O Amílcar
até brincou: ‘Poxa, a multinacional Merck Sharp já pesquisou mais de dois
milhões de moléculas contra o HIV e você traz uma na mão achando que vai dar
certo?”, conta Pianowski.
Acordando
o vírus
A
primeira ação do HIV no organismo humano é atacar as células do sistema
imunológico, os linfócitos. Nesse primeiro momento de infecção aguda, o vírus
agride as células de defesa, destruindo algumas e deixando o corpo vulnerável a
outras doenças. Em seguida, invade essas células e se integra ao seu código
genético. “Como ele se transforma em DNA, a célula não o reconhece mais como
inimigo e ele passa a fazer parte do organismo. Por isso nosso sistema imune
não consegue atacar o vírus. O HIV fica escondido nessas células latentes”,
explica Pianowski.
Revista Planeta
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