21 de JUN 2020 - Pelo menos 5.000 habitantes da Amazônia peruana receberam uma vacina antiparasitária para animais, oferecida pelos religiosos como “uma salvação” para o coronavírus.
Equipe de saúde aguarda no porto de Iquitos para transferir pacientes ao hospital da região, em 18 de junho.
Na região de Loreto, a maior da Amazônia peruana, o governador e um grupo evangélico promoveram a aplicação da ivermectina veterinária em cerca de 5.000 pessoas. Nesta área isolada do Peru, onde vivem quase um milhão de pessoas, das quais 300.000 indígenas, o medo da Covid-19 e a falta de assistência do Estado levaram muita gente a aceitar a injeção do antiparasitário, que foi apresentado como um paliativo para a doença.
“Desde maio, o governador do departamento de Loreto e uma aliança evangélica convocaram as pessoas, usando as emissoras de rádio, para aplicar a ivermectina veterinária como se fosse uma vacina contra a doença. Em Nauta, pelo menos 5.000 pessoas a receberam”, diz Leonardo Tello, diretor da Rádio Ucamara, a principal emissora da cidade, localizada a duas horas da capital da região, Iquitos, e ponto de entrada para as comunidades indígenas do rio Marañon.
Tello conta que muitas pessoas sentiram o coração bater mais rápido após a injeção. “O efeito colateral tem sido horroroso”, relata. Segundo ele, alguns pastores evangélicos de Loreto vincularam o novo coronavírus ao demônio e ao fim do mundo, oferecendo essas injeções “como salvação”.
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