13.09.2019 - Desde
2016, o município de Tianguá (distante 319 km de Fortaleza) está passando por
uma situação peculiar no que se refere a eleição de prefeitos. Isso porque em
três anos, a população já viu nada menos que cinco nomes relacionados ao cargo
máximo da cidade. Quatro deles chegando a efetivamente tomar posse. Presidente
da Câmara assumiu ontem interinamente após a anulação do diploma do ex-prefeito
atual. Eleições suplementares serão realizadas nos próximos meses
Primeiro
foi o do médico Luiz Menezes de Lima (PSD), eleito em 2016 com o seu vice, o
empresário Aroldo das Topiques (PMB). Impedido pela Justiça Eleitoral logo após
o pleito, quem foi declarado vencedor foi a chapa do segundo lugar, formada
pelo empresário Jean Azevedo (PDT) e pelo médico Jaydson Saraiva (PTB). No
entanto, Luiz conseguiu tomar posse em 1º de janeiro de 2017, amparado por uma
liminar, tendo seu diploma cassado no ano seguinte.
Com
isso, Valdeci Vieira (PR), presidente da Câmara dos Vereadores, assumiu
interinamente até a realização de eleições suplementares (em junho de 2018), as
quais elegeram Jaydson Saraiva (PTB) e o vice Mardes Ramos de Oliveira (PP).
Como
Jaydson também teve o diploma cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará
(TRE-CE) em virtude da Lei da Ficha Limpa, quem assumiu na tarde de ontem, 12,
interinamente, foi o presidente da Câmara, o vereador Francisco Cléber Fontenele.
O Tribunal Superior Eleitoral (TESE) definirá posteriormente a data das novas
eleições.
"Essa
situação de Tianguá é uma aberração", diz Nilson Alves Diniz, presidente
da Associação dos Municípios e Prefeitos do Estado do Ceará (Aprece).
"Do
ponto de vista administrativo, essas interrupções são prejudiciais para a
população porque leva instabilidade política, já que há constante troca de
gestores, equipes e programas. Importante ressaltar que não estamos colocando a
Justiça em xeque, pois a lei é para todos, mas lamentamos que a legislação que
temos dê brecha para que essas candidaturas problemáticas depois criem
dificuldades", complementa Nilson Diniz.
Para
Olavo Paulo Gomes, coordenador da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Tianguá, a
instabilidade política tem prejudicado também a economia local. "Há
parcerias importantes com a prefeitura que estão paralisadas e que poderiam
ajudar a melhorar a situação do comércio local, que atualmente está
praticamente parado", aponta.
Com
a troca de prefeitos, alguns secretários também têm sido substituídos a cada
posse e cassação. No caso da pasta da Saúde, as mudanças já estão sendo
percebidas no atraso de contratação de profissionais para a saúde básica, na
realização de licitações para compra de medicamentos e na falta de reajuste de
salários — alguns congelados há mais de 10 anos, segundo Graciele Tomaz
Farrapo, presidente da Associação dos Agentes Comunitários de Saúde de Tianguá.
"Quem
acaba sendo prejudicada nessa situação é justamente o elo mais fraco, ou seja,
o povo. Por outro lado, a culpa também é da população, que insiste em votar em
candidatos que concorrem amparados por liminares da justiça", pontua.
(O Povo)
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