28/01 - Não
são apenas os cargos de comando da Mesa Diretora e de comissões e a
possibilidade de pautar questões legislativas estratégicas para os planos do
governo Jair Bolsonaro que estão em jogo na eleição para presidente da
Câmara e do Senado, na próxima sexta-feira (1º).
Além
dos postos que serão ocupados por deputados ou senadores, estes parlamentares
têm um vasto número de vagas à disposição para abrigar indicações de aliados.
Eles
podem empregar —afora os servidores concursados— 682 cargos de confiança (485
na Câmara e 197 no Senado) com salários que variam de R$ 2.500 a R$ 19,9 mil.
A
eleição no Congresso ocorrerá num momento em que Bolsonaro deverá estar em
recuperação médica, após cirurgia a que deve ser submetido nesta segunda
(28).
O
presidente tem dito que não trabalha por nenhum dos candidatos que disputam os
comandos das duas Casas. O início da nova Legislatura, porém, é
fundamental para seus planos políticos —inclusive para negociar a reforma da
Previdência, considerada crucial para sua gestão.
Segundo
levantamento da coordenação de registro funcional da Câmara, somente o gabinete
do presidente da Casa tem direito a 82 CNEs (cargos de natureza especial), que
são aqueles postos que dispensam a realização de concursos públicos —ou seja, o
deputado emprega quem ele quiser.
O
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), candidato à reeleição, diz que a
quantidade não chega a tanto. “O número é menor: 46 na presidência, 33 nas
outras vagas [da Mesa] e na suplência, 11”, afirma Maia.
A
Câmara informou que estes números menores são da resolução original que trata
do assunto, de 2007, mas o documento indica uma série de alterações desde
então. A última é de julho do ano passado.
De
acordo com os dados informados pela Casa, o gabinete do primeiro
vice-presidente, cuja função é substituir o presidente e elaborar pareceres
sobre requerimentos de informações e projetos de resolução, tem direito a 43
CNEs.
Para
o comando da Câmara, concorrem como oposição a Maia nomes como Fábio Ramalho
(MDB-MG), Arthur Lira (PP-AL), Ricardo Barros (PP-PR), Marcelo Freixo
(PSOL-RJ), Marcel Van Hattem (Novo-RS) e JHC (PSB-AL).
A
pulverização de votos aumenta os riscos de levar a decisão para um segundo
turno, perspectiva vista com preocupação por aliados de Maia.
O
tamanho da estrutura do Legislativo entrou na pauta da disputa pela presidência
da Câmara neste ano.
“Estamos estudando o tema. Nosso compromisso é reduzir custos e qualificar os quadros disponíveis”, afirmou Hattem, candidato do Novo. Ele propõe acabar com os cargos de suplência da Mesa e diz que “certamente haverá diminuição” do número de comissionados.
Na
Câmara, a Mesa Diretora tem quatro suplentes, um para cada secretário. As
funções variam: cuidar de apartamentos funcionais, de premiações, estágios,
reembolso de passagens aéreas e pagamento de auxílio-moradia, por exemplo.
Outro
candidato, o deputado JHC defende nas conversas com seus pares manter o mesmo
número de cargos, mas quer que sejam redistribuídos para outros postos da
Câmara, como lideranças.
“Eu
pretendo pegar 80% dos cargos da presidência e realocá-los para outras áreas da
Casa em que haja mais carência”, disse. Ele afirmou que o número de assessores
para o presidente é “desproporcional”.
No
Senado, o salário mais alto é de R$ 17 mil. São cinco os ocupantes de cargos
com esse valor, todos lotados no gabinete do presidente da casa, segundo dados
fornecidos pela assessoria de comunicação.
Há
vagas de secretário especial de imprensa, diretor da secretaria de
transparência, chefe de gabinete da presidência, diretor da secretaria de
relações internacionais e diretor de assuntos técnicos e jurídicos.
Além
deles, outros 37 cargos comissionados estão à disposição somente no gabinete do
presidente. No total da Mesa, são 134 cargos comissionados, contando desde
motoristas até secretários e assessores parlamentares. Estes últimos recebem
entre R$ 10,6 mil e R$ 14 mil cada um deles.
Na
primeira-secretaria, há 14 assessores e secretários parlamentares. Os outros
membros da Mesa têm direito a 12 assessores e secretários, enquanto os
suplentes ficam com três.
O
pagamento mais baixo é reservado aos motoristas da Mesa Diretora, que recebem
em torno de R$ 2.500. Já nas 21 comissões permanentes da Casa e do Congresso
(ou seja, mistas de deputados e senadores), loteadas entre os partidos, são
mais 63 cargos à disposição.
Renan
Calheiros (MDB-AL) vinha sendo apontado como favorito na disputa à presidência
do Senado, que tem ainda nomes como Major Olímpio (PSL-SP), Davi Alcolumbre
(DEM-AP), Esperidião Amin (PP-SC), Angelo Coronel (PSD-BA), Tasso Jereissati
(PSDB-CE) e Alvaro Dias (PODE-PR).
Via Folha de S.Paulo
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