10/12 - O uso prescrito de medicamentos contra a disfunção
erétil reativa a vida sexual de homens impotentes e recupera a autoestima. O
uso inadequado desses comprimidos, comprados na farmácia sem receita médica,
pode fazer mal a saúde, alertam urologistas e outros especialistas.
É o que alerta o especialista Paulo Aguiar, do
Conselho Federal de Psicologia, que aponta que esse tipo de comportamento é “um
grande sintoma da sociedade”. “Isso [o uso do viagra] preenche vazios e
inseguranças do sujeito”, analisou.
Aguiar ressalta que o uso indevido de remédios
contra impotência expõe homens clinicamente saudáveis à dependência psicológica
e reafirma padrões sociais nem sempre positivos, em que prepondera a virilidade
masculina.
Uso recreativo
Alex Sandro Baiense, do Conselho Federal de
Farmácia, afirma que “há um abuso do uso desse tipo de medicamento de pessoas
que não tem quadro clínico que justifique o uso desse medicamento. Fica mais no
campo do uso recreativo, da questão performática para causar impressão”. Ele
lembra que a orientação aos farmacêuticos é de que “qualquer medicamento esteja
com a indicação adequada”.
“Nenhuma medicação pode ser usada de forma
aleatória, simplesmente alguém chegar à farmácia e comprar. Medicina não
funciona assim. Medicina funciona quando há consulta médica, tem que ter uma
orientação”, aconselha o urologista Carlos da Ros.
“A gente tem um universo pequeno de pessoas que têm
contraindicação absoluta de usar esse tipo de medicação, mas há um universo
grande de sintomas e sinais que podem ocorrer com o uso da medicação. Quando o
paciente não é alertado disso, ele acaba se surpreendendo com o efeito
colateral”, acrescenta o urologista Osei Akoamoa Jr.
Lucio Flavio Gonzaga Silva, cirurgião urologista,
também condena o uso desnecessário e a falta de consulta ao médico. “Algumas
situações contraindicam o uso desses medicamentos. Se você toma sem avaliação
médica prévia, você pode estar em uma dessas situações de contraindicação e
pode correr riscos graves. Nunca recomendamos o uso recreativo dessas
substâncias”, completou.
O antropólogo Rogerio Lopes Azize, professor
adjunto do Instituto de Medicina Social (Uerj), avalia que o consumo indevido
de medicamentos para a disfunção erétil é sinal dos tempos.
“Vivemos
no ocidente contemporâneo em uma sociedade do desempenho, no qual nos vemos
como um sujeito-empresa, cuja performance deve ser gerida e aprimorada. Isso
atravessa e constrói a nossa subjetividade, influencia nossa relação com drogas
em termos gerais, legais e ilegais”.
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