15/07 - Em eleição onde irá aumentar o peso dos cofres
públicos no financiamento de campanhas, amplo arco de alianças articulado por
Camilo Santana (PT) irá representar mais uma vantagem do governador sobre seus
adversários na disputa. Entre as 16 legendas que receberam verba do Fundo
Partidário nos últimos dois anos no Ceará, 12 estão hoje na base aliada do
petista.
Entre 2016 e 2017, siglas aliadas receberam R$ 15,5
milhões dos R$ 19 milhões –81,4% do total – que chegaram ao Ceará pela rubrica.
Como o Fundo Partidário segue regras semelhantes das aprovadas pelo Congresso
para o novo Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), as legendas
devem manter “domínio” sobre os recursos para a campanha.
Para se ter ideia, o maior bloco de oposição no
Ceará – formado hoje pelo PSDB e o Pros e que apoia candidatura do general
Guilherme Theophilo (PSDB) para governador – somou apenas R$ 3 milhões em
repasses do Fundo Partidário no mesmo período. Outras siglas fora da base
aliada, Psol e Rede ganharam, respectivamente, apenas R$ 383 mil e R$ 63,3 mil.
Assim, aliados de Camilo que disputarão vagas no
Legislativo terão maior fatia do recurso. Criado pelo Congresso em outubro do
ano passado, novo Fundo Eleitoral de R$ 1,7 bilhão terá a campanha deste ano
como “tubo de ensaio”. Assim como ocorre no Fundo Partidário, a verba será
distribuída entre partidos de acordo com o tamanho das bancadas no Congresso.
Depois, a presidência de cada sigla pode definir
para quais estados deve ir mais ou menos dinheiro. Até agora, no entanto, a
maioria dos partidos afirma que irá reproduzir o rateio que já vem realizando
para o Fundo Partidário.
Com o peso do comando das siglas no rateio da nova
verba, fica reforçada a necessidade de boa interlocução entre candidatos e
lideranças nacionais dos partidos. A situação pode representar problema para
Camilo, que hoje vem dando sinais de que apoiará Ciro Gomes (PDT) à Presidência,
ainda que o PT mantenha pré-candidatura do ex-presidente Lula (PT).
O maior impacto do tamanho das bancadas no
financiamento de campanhas também ajuda a explicar recente ampliação de
esforços do governo na busca por novas adesões. Nos últimos meses, alguns dos
partidos que mais receberam do Fundo Partidário no Ceará - como SD, PSD e PR -
migraram da oposição para a base aliada do governo.
O Povo
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