16/07 - A notícia, estampada na primeira página de O Globo,
dizendo que “com críticas a advogados, Sepúlveda Pertence pede para
deixar defesa de Lula“, é um dos momentos mais
constrangedores que assisti na advocacia.
Qualquer advogado, a qualquer tempo e por qualquer
razão tem o direito de deixar uma causa.
Nenhum advogado, por nenhuma razão, em nenhum
momento pode fazer isso prejudicando seu ex-cliente.
Principalmente num processo em que está evidente
para todos que as motivações políticas jogam um peso decisivo, quase absoluto.
As histórias sobre as supostas manifestações do
filho de Pertence em “grupo de whatsapp” beiram a puerilidade e a incompreensão
do que está em jogo nesta causa, que é muito mais do que a própria libertação
do ex-presidente Lula.
Certamente há – e dificilmente deixa de haver, em
defesas compartilhadas – conflitos de estratégias e, até, de egos.
Trazer isso a público e transformar em “fofoca”
algo que interfere na situação de alguém que está preso e no destino de um país
que vive a iminência de, por isso, ter eleições sem legitimidade não é, porém,
algo que se possa chamar de pueril.
É leviandade e falta do espírito necessário à
advocacia.
O Doutor Sepúlveda Pertence, se tem mesmo a amizade
que se jacta de ter com Lula há 40 nos e, sobretudo, se quiser fazer jus ao
renome que tem, jamais pode permitir estas explorações sórdidas. Nem mesmo pelo
silêncio.
Ou então a advocacia terá virado um imenso BBB,
com direito a termos técnicos, latinismos e afetações, mas onde importa mesmo é
aparecer.
Fernando Brito - 16/07/2018
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