24/07 - Agora o jogo virou, não é mesmo? Tendo assegurado
o apoio
dos partidos do chamado centrão,
Alckmin terminou a semana passada com sua candidatura muito bem encaminhada.
Reaparece como um dos nomes mais fortes da eleição. Com as alianças, terá o
tempo de TV necessário para construir sua narrativa e bater nos adversários e
contará ainda com apoio capilarizado por todo o país. Agora só falta um
detalhe: o eleitor.
Alckmin parte de números baixos. É verdade que quase metade do eleitorado diz não ter candidato ainda; mas esse eleitor sem candidato é alguém que está farto da política tradicional. Fora disso, há os votos de centro e de direita que no momento vão para candidaturas menores --os quais Alckmin não deve ter dificuldade em absorver-- e para Bolsonaro, cujos eleitores também têm alergia a político.
Seja para conquistar indecisos, seja para tirar votos de Bolsonaro, Alckmin terá de mostrar que a política não é o problema. Existe uma boa forma de se fazer política: um caminho que, embora não entregue a utopia esperada a toque de caixa, é o único que alcança resultados concretos e duradouros. Sem ela, nada se faz. É isso que ele representa.
Bolsonaro está na situação contrária. Tem ido muito bem com a opinião pública, mas no campo do apoio político e da formação da chapa o negócio é desesperador. Todas as tentativas de aliança fracassaram. Sua liderança é frágil. Além de míseros 10 segundos de TV, a inabilidade política pode marcá-lo como alguém que fala muito, mas é incapaz de fazer. Se na campanha é assim, como será na Presidência, tendo que enfrentar o Congresso?
Mesmo assim, ele segue com intenção de voto alta e com o auxílio constante —ainda que involuntário— da mídia. Cada pequena gafe ou ultraje que ele comete vira pauta, o que apenas o mantém no centro das atenções e sedimenta no público a imagem de que é alguém disposto a quebrar as regras para se impor. Ou seja, que é forte. E os brasileiros querem força, exigem alguém que venha impor ordem ao caos que impera em todas as esferas do país, do Congresso às ruas.
A Folha
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