18/06 - Ontem,
perdoem a parcial ausência os amigos e amigas do blog, foi dia de Brasil na
Copa.
Dia
de fazer o que, de quatro em quatro anos, o garoto que ouviu pelo rádio a
tristeza de 1966, com a eliminação do Brasil – bicampeão do mundo – já na primeira
fase da Copa, mal consolado pelo gol de Rildo nos 3 a um a que Eusébio e Simões
abateram o sonho do tri do menino que nascera na primeira taça, não sabia de
nada na segunda, mas que já cria, nas suas calças curtas, no
tricampeonato afinal adiado.
E,
vendo o jogo contra a Suíça, que está longe de ser um bicho-papão, viu o time
desabar à primeira dificuldade, felizmente contra um time que não era,
como a seleção alemã de 2014, capaz de se aproveitar do desmonte do time
do Brasil.
Não,
não, não falta futebol ao Brasil e só com muito contorcionismo mental se pode
dizer que existe o “salto alto” dos “invencíveis da família Scolari” de quatro
anos atrás. O time é bom e seu técnico foi capaz de lhe dar um estilo
veloz e agressivo.
O
que nos falta, até agora, é um líder dentro de campo. Alguém que seja capaz não
só de dançar na felicidade, mas de arrostar os infortúnios. Como o Didi, que
carrega calmamente a bola de volta ao meio do campo depois de termos começado
perdendo a decisão contra a Suécia, em 58. Como Carlos Alberto Torres e a
“cacetada” dada no inglês Francis Lee, que havia acertado o goleiro Félix já no
chão, depois que este defendera sua quase mortal cabeçada de
“peixinho”, quando a Inglaterra dominava o nosso mais difícil jogo na
Copa de 70.
Porque
futebol é uma mistura, claro, de talento e de personalidade.
O
papel de líder teria tudo para ser de Neymar, mas sua estrutura psicológica,
até agora, não se mostrou à altura de exercê-lo. Esteve ausente do jogo e
se isso aconteceu por compreensível falta de condições físicas depois de três
meses parado foi errado não deixar para lançá-lo no segundo tempo, seja para
entrar com o jogo resolvido e adquirir ritmo, seja para chamar a
responsabilidade de resolver uma “pedreira”.
A
simplicidade do Neymar que surgiu garoto no time do Santos, porém, parece ter
dado lugar a uma vaidade que se expressaria melhor na bola.
Exatamente
o inverso do que se passou com Cristiano Ronaldo, o grande nome da Copa nesta
primeira rodada. Apanhou tanto ou mais que Neymar, mas não se ausentou, chamou
para si a responsabilidade, contagiou os companheiros e evitou a derrota de
Portugal para a muito melhor Seleção Espanhola com seus três gols e a
concentração de gelo polar que conseguiu ter na cobrança de uma falta que,
claro, ele mesmo sofrera. Era, como todos já vimos todos algumas vezes, daquelas
certezas que moldavam o inevitável.
O
resultado do jogo brasileiro, em si, não foi um desastre, mas foi
preocupante ver todos os jogadores repetindo, depois do jogo, um discurso
ensaiado com o mesmo teor: “o gol suíço foi irregular, mas não cabia ficar
comentando arbitragem”.
Nunca
fomos campões com um time “politicamente correto”, frio, sem ganas. Nem
seremos, trocando o espírito de vira-latas pelo de pavão.
As
coletividades humanas, sejam um time de futebol ou uma nação, precisam de
referências e de solidariedade, em porções generosamente iguais.
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