09/05 - Os
que especulam sobre quem seria o “beneficiário” da desistência de
Joaquim Barbosa vão ter material para suas análises apressadas na
segunda-feira, data a partir da qual está liberada a divulgação da pesquisa
registrada ontem pela Conferderação Nacional dos Transportes, através da
empresa MDA. É uma pesquisa tradicional, que esta em sua 136ª rodada e, por
isso, permite comparações.
As
perdas e ganhos dos demais candidatos, porém, não podem ser aferidas assim, ao
sabor de superficialidades aritméticas do “mais um ponto, menos dois pontos”.
A
“conta” política é, neste caso, francamente favorável à esquerda, porque
significa que sai da disputa alguém que, apoiado por interesses conservadores,
poderia criar confusão na cabeça do eleitor.
Ciro
Gomes, em primeiro lugar, porque deixa “solteiro” o PSB para, em aliança formal
ou informal, apoiá-lo, especialmente no Nordeste, onde a entrevista do
governador maranhense Flávio Dino (PCdoB) mostra que não são suficientes
as burradas do ex-governador do Ceará para interditar o caminho de uma aliança,
caso persista o bloqueio à candidatura Lula.
Lula,
por sua vez, sabe que anunciar agora o apoio a um “substituto” seria um
duplo desastre.
Primeiro,
enfraqueceria sua defesa, que perderia o seu eixo principal (e verdadeiro): a
prisão do ex-presidente é, antes de tudo, apenas uma fórmula para evitar que
dispute e ganhe as eleições presidenciais.
Em
seguida, reduziria seu capital político, que tende a crescer quanto mais os
outros concorrentes seguem embolados em degraus bem abaixo do patamar onde o
ex-presidente se encontra. Nesta situação, apoio é algo que não se pode
dispensar e muito mais ainda o do líder, disparado, das pesquisas de opinião.
Há,
ainda, um terceiro fator, ainda não muito claro mas, a confirmar-se, certamente
mais importante: os sinais de um aprofundamento da crise são evidentes e muito
agudos. Recorde-se que o bem é lentamente percebido, mas o mal é imediatamente
sentido.
No
campo conservador, é certo que Geraldo Alckmin lucra com o sumiço de um
candidato que poderia “comer” seus votos na elite, mas sua situação de subnutrição
eleitoral é tão dramática que admite até roer os ossos do Governo Temer para
chegar ao segundo turno.
Marina
Silva, o ectoplasma da política brasileira, é algo difícil de avaliar pois,
afinal, só existe nas pesquisas eleitorais. Não tem, como é possível sentir na
vita prática, existência material e vaga apenas no mundo dos que creem em sua
existência.
A
ausência de Joaquim Barbosa no processo eleitoral, sob todos os pontos de
vista, ajuda a que haja uma mais clara compreensão do processo polar que,
queira-se ou não, a eleição tende a tomar e, no qual Lula, candidato ou
indicador de candidato, será a força decisiva.
Se
Ciro Gomes quiser, tem tudo para ser o estuário desta força. Mas terá de reabir
os canais com uma posição muito clara de solidariedade a Lula e ao PT. Não sou
dos que enxergam como algo impossível: afinal, ele o fez (muito mais que
nos seus rompantes e palavras) na prática, quando chega a “hora H”, desde o
segundo turno de 2002.
Por
Fernando Brito - 09/05/2018
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