10/04 - A
capacidade de erguer a sobrancelha em desconfiança ou franzi-la em
solidariedade pode ter dado a nossa espécie uma vantagem evolutiva, disseram
pesquisadores da Grã-Bretanha nesta segunda-feira (9).
Sobrancelhas
altamente móveis deram aos humanos habilidades de comunicação não verbais
necessárias para estabelecer grandes redes sociais que permitiram maior
cooperação e melhores chances de sobrevivência, ressaltaram os
estudiosos.
— As
sobrancelhas são a parte que faltava no quebra-cabeça de como os humanos
modernos conseguiram se dar muito melhor uns com os outros do que outros homininis agora
extintos — disse Penny Spikins, da Universidade de York, coautora de um estudo
publicado na revista científica Nature Ecology & Evolution.
A equipe usou um software para examinar a arcada supraciliar em um crânio fossilizado de Homo heidelbergensis, um membro arcaico da família dos homininis, composta por humanos modernos e nossos ancestrais diretos e extintos.
Os pesquisadores recriaram digitalmente o crânio, que pertence à coleção do Museu de História Natural de Londres, e experimentaram mudar o tamanho da arcada supraciliar enquanto aplicavam diferentes pressões de mordida.
Eles descobriram que uma arcada supraciliar grande contribui pouco para aliviar a pressão sobre o crânio quando se come. Além disso, era muito maior do que o necessário para preencher a lacuna entre a caixa craniana e as órbitas oculares do H. heidelbergensis.
Em nossos antepassados extintos, sobrancelhas proeminentes podem ter sinalizado status social ou agressão, dando lugar depois às sobrancelhas mais expressivas dos humanos modernos, informou a equipe.
O desenvolvimento de uma testa lisa com sobrancelhas mais visíveis e peludas, capazes de maior movimento, começou nos homininis há cerca de 200 mil anos e se acelerou nos últimos 20 mil anos.
Os movimentos das sobrancelhas permitem que os humanos expressem emoções complexas e percebam as dos outros, segundo Spikins.
— Por outro lado, foi demonstrado que as pessoas que colocaram botox, que limita o movimento das sobrancelhas, são menos capazes de enfatizar e se identificar com as emoções dos outros —apontou.
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