01/02 - O aumento de casos de de casos de febre amarela no
Estado de São Paulo desencadeou uma série de ações para buscar meios de
tratar a doença e produzir avanços na identificação de áreas que podem ser
atingidas pelo vírus. Depois dos transplantes de fígado em pessoas que
desenvolveram a forma grave da doença, realizados no Hospital das Clínicas e na
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pacientes de São Paulo e de Minas
Gerais começaram neste mês a receber tratamento com um remédio para
hepatite C, técnica que será estudada por pesquisadores dos dois Estados para
ver se é possível começar a tratar a doença utilizando medicamentos. A febre
amarela não tem tratamento específico.
“Percebeu-se
que o vírus da febre amarela é do mesmo grupo do vírus da hepatite C, que se
beneficiou muito com o tratamento. A primeira possibilidade foi avaliar se era
possível fazer a mesma coisa com o vírus da febre amarela”, explica o
secretário de Estado da Saúde, David Uip.
Nesta fase inicial, a oferta está sendo feita por meio do uso compassivo. “É quando um laboratório consente em usar o remédio para outra definição, o pesquisador acha que vai dar certo e o paciente e seus familiares permitem que isso seja feito. Está ocorrendo neste mês de janeiro em alguns hospitais do Estado de São Paulo e também de Minas Gerais. Percebeu-se que isso pode ser uma alternativa e isso está sendo transformado em protocolo de pesquisa”, diz Uip.
Segundo ele, todas as fases do protocolo clínico voltado para o uso desses medicamentos para casos de febre amarela serão realizadas, como os testes e a análise pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), mas o objetivo é que haja agilidade na pesquisa. “Todas as etapas serão respeitadas.” O estudo será realizado pela Universidade de São Paulo (USP), pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas e por um hospital de Minas.
Até o momento, já foram realizados seis transplantes de fígado em pacientes com a doença e um deles, de Campinas, morreu. “Isso é inusitado, é a primeira vez que se faz no mundo. O Hospital das Clínicas já fez cinco transplantes e a Unicamp fez um. Temos São José do Rio Preto apto a fazer transplantes e outros centros que também farão. Talvez estejamos diante de uma possibilidade de curar a hepatite fulminante (causada) pelo vírus da febre amarela.”
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