02/02- No
final da noite de ontem, escrevi que "não há quem desacate mais a Justiça
que o Judiciário" e que ninguém a degradou publicamente, nos últimos
tempos que o auxílio-moradia–duplex do casal Bretas&Bretas.
O
sentimento estava no ar, e baixou ao papel da Folha de S.Paulo hoje,
com a reportagem Moro tem imóvel em Curitiba, mas recebe auxílio-moradia de
R$ 4.378, livre de impostos.
Dizer
que é legal, embora não seja moral – argumento de 11 entre 10 juízes e adeptos
da ferocidade judicial – não soluciona o problema de um Judiciário que, faz
tempo, trocou a análise legal pelo julgamento moral, a forma que encontrou para
execrar seus adversários.
Ou
não foi assim que fez a exibição de pedalinhos, barquinhos de lata, pretensões
a comprar um apartamento e tudo o mais que usou para criar na população a ideia
de que Lula teria se locupletado com a política?
Se
quisermos ficar no campo da chacota, tantas vezes utilizado contra o
ex-presidente, poderíamos dizer que Moro recebeu, desde setembro de 2014,
o suficiente para comprar uma flotilha de 60 pedalinhos.
O
assunto, porém, é sério demais para ser tratado com a estupidez reinante. Embora
não seja pouco – e, pior, seja escandaloso diante do quadro de pobreza de um
país onde representa mais do que o ganho de quatro trabalhadores de salário
mínimo, que têm de morar, vestir, comer e em tudo “se virarem”
com R$ 954 – o que está em jogo é a régua com que o Judiciário
passou a medir os homens públicos, claro que apenas quando politicamente lhe
interessava fazê-lo.
Aceitar,
por exemplo, que o recebimento indevido – e se pode dizer que seja devido um
auxílio-moradia a quem mora no que é seu? – de dinheiro público é o responsável
pelos sofrimentos do povo, que até mata pessoas por falta de saúde ou de
saneamento, não é a mesma conta que se pode fazer com o bilhão que já custou
aos cofres da Nação o “pixuleco” pago ao distinto clube de suas excelências?
Repito
desde que me entendo por gente e o faço outra vez: ao se defrontar com um
moralista, segure sua carteira.
Quem
alardeia a moralidade dificilmente a pratica.
Por Fernando Brito - 02/02/2018
Por Fernando Brito - 02/02/2018
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